Sou uma máquina de jogar coisa fora, não sei ao
certo quem eu sou, vivo numa sensação incomoda de vulnerabilidade, é a cultura
do instantâneo, a relação poderia ser chamada de amizade, mas não era.
Muitas pessoas que faziam parte do meu convívio
social passaram a evitar, a palavra mãe trouxe à tona emoções amargas de
abandono, não dava para mudar o início da vida que foi cheio de informações
desconexas.
Sou um ser espiritual, estou desapontada e
chateada, não consigo imaginar outra pessoa sentindo da forma como me sinto, estou
doente sem recuperação rápida, me sinto tão humana, embora o mundo não acredite.
Foi difícil obter a serenidade, nem percebi o poço
profundo que eu estava, por um momento tive a calma que eu precisava, não quero
parecer mal-educada, mas isso é só uma confusão das ideias.
A melhor maneira de saber o que queremos de verdade
é nos livrarmos do que não queremos. Decidi morar sozinha, assim tinha chance
de ser bem-sucedida “nas relações”, uma atitude nada nobre.
Nunca fui o lado feminino da humanidade, nunca
aprendi a renunciar, sempre fui de fazer as coisas quando posso e na hora que
posso, por uma época me incentivaram a explorar a veia literária que pulsa
em mim.
O meu sonho era ter quarto igual de hotel, achava
que quanto menos entulho em casa, menos entulho na cabeça e na alma, vivia quebrando
barreiras difíceis, não conseguia me impor como indivíduo e se raramente
conseguia, era uma vitória.
Por anos todas as escolhas que fiz não eram minhas,
eram ordens disfarçadas de escolhas, por muitas vezes me sentia a criança
aprendendo a educação formal, com medo de falar com franqueza, com medo de ser
julgada.
Foi difícil ignorar meus sentimentos por tanto
tempo, minha mente nunca parava quieta, esse é um dos riscos mais maravilhosos
da vida a progressão da nossa mente, se uma mentira recebe atenção suficiente,
ela pode crescer e ferrar a sua vida. Abracei o presente e decidi pela
felicidade.
Arcise Câmara
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