Sou uma teimosa e isso nasceu comigo, mesmo apanhando
muito, a dor não me fez ser menos teimosa, as coisas poderiam ter sido diferentes
e não foram, enxerguei a mim e ao parceiro de forma distorcida.
Era muito bonito, eu tinha 10 e ele 8 anos, mais do que
isso, era uma companhia encantadora, eu me sentia a criança mais amada do
planeta e ele nem me dava bola, eu nunca fui tão amada na vida e na minha
cabeça não sei que sentimentos vazios e esquisitos eram aqueles.
Bastava estar solteira e aparecer um simples oi para tudo
mudar de cor, minhas prioridades eram recalculadas, a fantasia dominava a minha
mente, minha psique implorava humildade.
Com o tempo deixei fluir sentimentos, aprendi alguma
coisa na arte de fantasiar, tive uma existência fragmentada de desilusões que
eu mesma criava, tinha uma vida social repleta de comida e sapatos.
A minha vida era um resultado de suposições, eu amava o
amor e não as pessoas pelas quais me apaixonava, eu amava a possibilidade das
relações, o olhão verde, o boi bumbá preferido me fazia estremecer.
Não sei até hoje como vivo de mentiras, como sou fofa e
sonhadora, como qualquer palavra desperta em mim novas ideias, eu sempre tenho
crise de identidade, não há espaço para corresponder tantas expectativas que
não me incomodam nem me deixa infeliz.
Tenho mais soluções que problemas, amo meu mundo
imaginário, há quem tente explicar o que não quero entender, troquei a
sensualidade por senso de humor, distingui o que tem valor do que tem preço,
sou mais alma que corpo.
Para ser sincera eu não nunca fui a namorada mais
atenciosa do mundo, o meu amor era baseado no sol de todo dia, nos resultados
lentos, na percepção das entrelinhas, a minha conta era a busca da felicidade.
Não tinha convicção se trilhava caminhos certos,
amadureci pouco nessa área, a minha maior riqueza foram às escolhas que eu não
fiz, o chavão que não usei, a mudança de cada dia.
Arcise Câmara
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