Senti minha mente
se abrindo a novas ideias e possibilidades, estava gostando da ideia de mudar
de ideia, tornei-me inseparável de alguns livros, de algumas lições aprendidas,
estava ressentida, ok, mas era algo tão interno, tão escondido que ninguém
precisava saber.
Coisa boa é
ser você. Pois é! Estava tão difícil ser eu ultimamente, vivia encafifada,
cheia de grilos, perguntava-me se era amor ou carência por beijinhos,
perguntava se realmente ele satisfazia meus rigorosos padrões. Diacho! Porque
amar é tão complicado.
Lamento a
indelicadeza quando fui rude com ele, eu não gostaria de retribuir favores, nem
um jantarzinho a dois para conversar sobre um passado tão remoto para mim, eu
estava me sentindo maravilhosa, om mais de trinta amigos, estava amando com a naturalidade
jamais alcançada, eu realmente tinha botado o passado em seu lugar, eu não
sabia o que tinha dado em mim, meu amor por mim mesma era superior a tantos
sofrimentos amorosos do passado.
Sei que
precisava viver isso, amadurecer, sentir que estava perdendo pessoas
importantes, me sentir louca por não lutar pelo amor errado, pela insensatez,
jamais admiti, mas tinha e tenho medo de ficar sozinha, os pares parecem mais
felizes.
Não havia
uma ameaça evidente em meu coração, ultimamente ele estava batendo mais forte
por homens errados, num destino óbvio de sofrimento...
À pressão da
opinião pública para que eu construísse um lar de verdade era sem tamanho, as
circunstâncias me incentivavam a reagir ou reclamar, eu não tinha essa eterna
preocupação com o futuro, mas tinha medo de deixar escapar.
Eu tenho o
péssimo costume de comer comidas diferentes, amo experimentar, amo a realidade
da culinária local, amo o jeito novo de cada prato delicioso, eu evidenciava
alguém que não evidenciava a si mesmo, eu saía de casa com um certo pressentimento
e não dava em outra coisa a não ser tristeza.
Agora sou
bastante seletiva na hora de escolher um par, não fiquei amargurada como dizem,
mas certos perfis não combinam comigo nem para um beijo de selinho, não sei
gostar de quem não gosta de si, não tenho um projeto sem base alguma, estou
apenas mais preocupada com minha própria felicidade do que atender expectativas
esquisitas.
Por vezes
fiz vistas grossas a relacionamentos politicamente incorretos, por outras
tantas interpretei os sinais de decepção com serenidade, eu sei que muita gente
me fala que vou me arrepender se não for mãe, eu sei que muita gente me avisa
que eu preciso de alguém para cuidar de mim, mas eu sei também que não posso
colocar um bebê inocente no mundo sem ter certeza plena.
Insinuações
tortas são apenas exageros de quem ver a vida de outro jeito, ameaça de
infelicidade são apenas sua ótica sonolenta de “talvez isso dê certo para
você”.
Ainda consigo
ver a bondade e felicidade em seus olhos de quem não amamentou, ainda consigo
entender que ter compromissos não faz a vida completa, ainda aprendi que
algumas coisas são prêmios outras são zebras caídas de paraquedas.
Enquanto
isso eu resolvo o que fazer com a minha vida, enquanto isso eu finjo que esse
discurso único não me atinge, enquanto isso me sinto impotente com a idade
chegando, enquanto isso eu preciso me sentir valorizada em outros aspectos.
Talvez a
única explicação lógica permitida seria eu entender que o tempo não chegou, que
não adianta eu me arrumar para algo que talvez nem aconteça, que nenhuma cartada
de mestre traz resultados iguais para todos e que há outros meios de ser feliz.
Arcise
Câmara
Imagem We It
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