sábado, 28 de dezembro de 2013

Relação Desgastada


Quando eu quero sair ele diz que está cansado (sempre cansado), faz cara feia e tenta me impedir de ir com chantagens emocionais. Faz de tudo para que eu desista, diz que isso é um absurdo, que eu deveria ficar, que é falta de respeito, falta de respeito é me manter em cárcere privado. Não quer ir fica, eu não me chateio por você ficar e nem você se chateia por eu ir. E quando o cansaço acabar poderemos nos divertir juntos.
Todo relacionamento tem concessões, não há o que duvidar, a diferença está entre o que é concessão e o que é desaforo. Eu já fiquei muitas vezes, eu pensava assim: “cedo hoje e ele cede amanhã”, passei meses em casa, tentei fazer a rotina ficar alegre, comprava dvds, fazia pipoca, comprava chocolates ou preparava fondue mas nem isso ele se animava, parecia um morto-vivo, um desânimo tomava conta, cheguei a pensar que era patológico, algo como uma tristeza, uma indisposição física, um início de depressão então foi aí que descobri que havia entusiasmo para sair com os outros, fazer happy hour após o trabalho,  a desmotivação e apatia era a minha companhia.
O desgaste era visível, bastava apenas eu revelar que não gostava de tal coisa para a tal coisa ser repetida por ele. Comecei a ficar doente, parecia que eu tinha todas as doenças, estava somatizando os  problemas emocionais para o corpo, iniciei um longo processo de reclamação, reclamava de tudo: do sol, da chuva, do vento, do calor, do frio, de pessoas, de animais, do universo, nada estava bom, minha vida estava uma merda. Custei a perceber que estava perdendo-o, ele estava indo, existiam todos os indícios de partida, mas eu relutava a acreditar.
O cabelo ficou horroroso, a pele ressecada, as olheiras evidentes, estava fantasiada de bruxa, as roupas desleixadas, só faltava a vassoura, eu estava cheia de defeitos, nunca rezei com tanto fervor, nunca pedi tanto uma graça, não queria perdê-lo, pensando bem, não seria grandes perdas considerando o tanto de descontentamento que pairava sobre nós, estava envenenando a minha mente e necessitava de mudanças internas consideráveis. Estava em crise entre as minhas verdades e a minha loucura. Estava em duvida entre partir ou deixar partir.
Sentia inveja de quem aparentava ser livre amando, de quem se sentia bem com o “amor”.  As emoções que eu sentia era uma planta sem raiz, que ia morrer logo. Os questionamentos me invadiam, eu valia pelo que sou ou pelo que aparento ter? Eu não me encontrei totalmente, eu não entendia os sentimentos. Eu não me sentia amada e nem amando, eu me sentia apenas tentando lutar ou fugir, tudo estava embaralhado, confuso, eu não tinha garra para ficar, nem garra para desistir, estava em cima do muro por medo de me arrepender, foi esse sentimento que me levou a levar em banho-maria a relação por mais algum tempo.
Tudo deveria ser calculado, eu não poderia sofrer.
- Arcise Câmara

- Crédito de Imagem: http://www.bbel.com.br

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