Pareci tão aliviada e realmente estava.
Acredito que precisava viver do modo que vivi para adquirir as experiências
necessárias. Sempre o medo dominava minhas emoções, às vezes era coisa da minha
imaginação, uma ironia social.
A pedagogia da vida estava sempre alerta a
tudo que me acontecia, eu precisava aprender, nada fazia sentido se eu não
aprendesse o que ela queria me ensinar. Eu acreditava que o tempo era capaz de
apagar meus ressentimentos, mas não era tão simples assim.
A gente não separa o que está dentro do que
está fora e faz umas confusões. No amor nada é destruído para sempre, a vida
segue o estado da alma, até que surge alguém mais interessante, um emprego
melhor, troca de casa e a vida familiar fica nos trilhos.
Não adianta muito se sacrificar, evitar fugir
da rotina já escrita, ter vergonha de admitir que certas atitudes acabam com a
gente. Mantive as amigas e as atividades de lazer om elas.
Lei é lei, vale para todos. Opa! Opa! Era
para ser assim, nada disso consegue preencher-me quanto tem injustiças ao
redor, quando alguém é prejudicado. Com o tempo a gente obtém os anticorpos
para separar o que lhe faz bem ou não e é disso que eu estou falando desde o
início do texto.
Mando mensagem ao mundo que o aprendizado foi
concluído quando assimilo o que realmente tinha para assimilar. Coloquei os
pensamentos em ordem, não era a maneira mais correta de
argumentar
Apesar do fato de eu ainda estar apaixonada
pelo meu ex, nunca consegui criar um laço nem com ele mesmo. Estou morta de
saudades, mas orgulhosa demais para qualquer atitude.
Levanto uma sobrancelha, não convencida do
que ouço, não sei disfarçar se sinto cheiro de mentira no ar. Não é poder nem
vontade de predomínio, na verdade é um medo gigantesco de ser enganada.
Divido minhas propriedades, dando boas
gorjetas, colaborando com boas causas, ajudando amigos e familiares, poderia
ter mais dinheiro do que o pouco que tenho, mas nem lembro disso porque minha
natureza é generosa, vocação de toda a vida.
Parece estranho nunca mais encostar no corpo
do outro, nem ter sensações invasivas e sufocantes. Nunca senti algo igual por
mais ninguém, mas ele ficou insuportável quando a religião afetava todas as
nossas ações e reflexões, inclusive as minhas que não tinha uma visão tão fundamentalista.
Segui em frente com o sentimento de que
aprendi onde consigo me adequar e onde não há a menor chance.
Arcise Câmara
Imagem: Psicologia Viva
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