Não cabe mais ninguém se incomodar com minha solidão.
Não sou voltada as convenções sociais, sei unir harmoniosamente intuição e
coração, no entanto, ter um par atualmente é uma opção inexistente.
Chegou ao fim meu relacionamento, dentre
tantos outros. Eu tinha a sensação que éramos uma família inabalável, me peguei
de calças curtas, mesmo que faltasse paixão e interesse.
Segui a regra de ser feliz. Por motivos
muitas vezes, aparentemente banais nos digladiávamos querendo ter razão, consequentemente
os outros passaram a gostar mais de mim porque eu era aquela mulher que não
perdia nunca.
Algo havia mudado dentro de mim, não podia
continuar a ser amiga. A leitura que eu entendia era que era preciso curar o
coração antes de pensar em amizade. Se ame! Eu falava para mim todo santo dia. O
meu valor vem de quem eu sou.
Não canso de me
impressionar com a inteligência da mente humana, a gente cria felicidade onde
não existe e cria problemas onde não há. Seja aquilo que você espera encontrar em seu parceiro.
Por vezes fui arrogante e sabe tudo, sei
enxergar cada defeito e sei também que falta vocação para estar acompanhada. A
famosa poupança para os dias mais difíceis só funciona comigo se for recíproco.
Acho que o casamento morreu antes de ter
nascido. Queria ter ido embora dia sim,
dia não. Homens são homens. Sempre acham que devem ser servidos e que não
precisam ser parceiros, basta uma ajudinha de vez em nunca.
E as mulheres vivem em perpetuo estado de
contentamento, são assim mesmo, dizem elas. Não cobram atenção e dedicação pois
o mundo está hiperconectado mesmo. Eu me sinto honrada por ter a
responsabilidade de escrever sobre isso.
Casamento é a oportunidade de ser e fazer o
melhor a cada dia, mas também de receber essa reciprocidade quase nunca
existente. Falta até elogios nas relações, falta o néctar dos deuses.
Rarefeita estrutura tão sonhada por muitas de
nós, com vínculos profundos de uma parte só. Mantive segredo sobre tudo que me
incomodava, não queria acabar com o sonho dos outros, deixei a regência mental
e espiritual fluir, mas a solidariedade emocional falou mais alto.
Casamento não é para quem escapa dos
controles, para quem não tem paciência ou fácil perdão, para quem tem senso de
justiça apurado, barra quem se ama demais.
Arcise Câmara
Imagem: Canal Ciências Criminais
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