Devo dizer em minha defesa que eu estava
bêbada e por isso fui compulsiva em ti ligar. Quase desmaiei de
tanta emoção quando você atendeu, mas me deu um nervoso em saber que você me
conhecia e que sabia que tudo isso só estava acontecendo por causa de birita.
O perdão anda de mãos dadas com o verdadeiro
amor e apesar de tudo de ruim que me fizeste eu ainda pensava em ti quando
tinha álcool no sangue. Mesmo de longe não dava folga.
Estava desacostumada a receber ordens, quando
você me disse de uma maneira firme e até um pouco bruta, que era para eu
desligar o celular e ir dormir. Eu estava feliz até então, foi quando uma chuva
de sobriedade baixou em mim.
Certas ideias funcionam para uns e não para
os outros, sei de muitos casos de reconciliação que vieram de uma cachaça. Senti
alívio de não ter falado nenhuma besteira que me arrependesse, porque besteiras
triviais, falei.
Sempre fui subjugada pelo fato de não ter ciúme e
inveja. Já tive inveja, mas internalizei que só eu posso determinar a minha
história e as pessoas são merecedoras de que possuem tanto no campo personalista
quanto no âmbito material e espiritual.
A cada minuto o ambiente fica mais pesado, a
vida e a morte são a mesma coisa vista de outro prisma. O excesso de independência
incomodou, incomoda e incomodará. Sou livre e sempre soube que ele não era o
homem de minha vida.
Viria mais tarde o romance, sem forçar que os
temperamentos mudem, que um se adeque ao outro, que o passado volte como mera
alternativa. Fiquei longe das lágrimas, estava minimamente atraída pela alegria
de viver levemente.
Tudo finge 100% felicidade, a vida não é uma
linha reta. Não existe sangue frio o tempo todo, o sangue fica quente também. É
importante ouvir, compreender sem discutir, absorver o que a vida quer ensinar.
Me deixava levar pela lábia do ex, viciada em
redes sociais e não conseguia ter uma vida normal. Aprendi a desenvolver o
senso crítico e cultural, cuidei da carreira, fiz pose de respeitável. Eu tinha
transtorno
de ansiedade, uma cobrança por felicidade 24 horas.
Está em contato com sua espiritualidade me
ajudou e muito. Obriguei o coração a deixar de sentir algo que estava sentindo
e ser mais racional. Todo mundo precisa lidar com as consequências.
Somente a pessoa que corre risco é totalmente livre, não há como negar a sensação de
satisfação do amor conjugado de plenitude e aceitação de nós mesmos e do outro.
Destino a gente ajuda a construir.
Arcise Câmara
Imagem: Equilíbrio e Vida
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