Era como tentar não pegar no sono, mesmo estando com
sono incontrolável, tinha choro compulsivo, uma parte de mim combatia a
deliciosa entrega do autoconhecimento, outra parte de mim derramava lágrimas da
descoberta da dor na alma.
A vida é um retrato perfeito do nosso estado de
espírito parida no próprio tempo.
As histórias de família que tenho para contar tem uma ligação física e hoje
entendo o porquê do caminhar sozinha é uma ótima maneira de entrar em contato
com a gente mesma.
A desordem gera relacionamentos doentios e é
preciso estar preparada para tudo que vem. Nas minhas experiências amorosas,
pude perceber que sempre achava que era o último cara legal que restou no mundo
e nisso aceitava abusos.
Muitas experiências jamais cheguei a ter, mas
aprendia bastante com tudo que via ao meu redor. Comecei a desvendar os
significados dos olhares e é impressionante como as pessoas te olham de cima a
baixo sem disfarçar.
Desabafei minha própria vulnerabilidade pelas
redes sociais, a gente é o que é e o que transparece ser. Eu me sentia bonita e
notada até ter minha autoestima minada por julgamentos.
É difícil me separar de tudo que alimenta a
minha mente. Enfim, voltando a história, providenciei uma lista longa e
detalhada de todos os motivos pelos quais eu precisava me conhecer e me
fortalecer.
Busquei a dúvida, o questionamento sobre
Deus, a sabedoria, não entendia as surpresas da vida. Nada se pode pedir para
quem conhece nossa necessidade antes de nós mesmos e foi assim que fortaleci
minha fé.
Eu não sabia me relacionar comigo mesma, não
me amava, não comia nem menos, nem de vagar, meu lado físico e astral estavam
em decadência, estava vivendo acima das minhas possibilidades, queria ser o que
não me pertencia.
É um instinto de sobrevivência, uma maneira
de ser aceita. Sempre fui ativa e facilmente impaciente, por poucos segundos,
senti pena das pessoas que minaram meu coração e minha boa vontade. Comecei a
confundir raiva e agressividade por paixão e amor, um desejo de salvar quem me
maltratava.
A palavra cravada no meu coração se chamava
sacrifício, gostava mais dos outros que de mim, gostava mais do inútil que do
útil. Nada com o que eu pudesse lidar sem me machucar.
Vinte anos do mesmo amigo e mesmo assunto, eu
não tinha evoluído e isso me fez sofrer. Gostaria de fazer uma
viagem sem escala, rumo ao domínio pleno da mente e do espírito.
Arcise
Câmara
Imagem: baldovalentim.net
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