Sou obrigada e escutar esse papo desde quando eu comecei
a menstruar. Onde quer que eu fosse o conselho vinha junto. Não sei ao certo o
que minha mãe pensava de mim. Eu ainda tinha nojo de beijos.
Fui insegura quanto à gravidez e me apeguei ao medo de
engravidar, talvez por isso aos 46 anos nunca tivesse tido filhos, não sei bem
se foi trauma ou falta de encaixe.
Não fui feita para bebidas alcoólicas ou drogas, não fui
criada para sexo casual. De repente me via distante de relacionamentos
duradouros, eu sempre achava os pretendentes lindos por dentro e por fora e
nunca me sentia segura o suficiente.
O meu cabelo não ajudava, apesar de me sentir aberta,
afetuosa e de natureza generosa e com sexto sentido aguçado, acho que era isso
que me atrapalhava, minha intuição me fazia ser desprovida de intimidade
emocional.
Vacinei-me contra o individualismo, fui eufórica e cheia
de possibilidades, poderia escolher qualquer coisa isso não incluía namorados.
Nunca aceitei o inaceitável no relacionamento, nunca reprimi amor. Meus
defeitos era retribuir atenção e perdoar imediatamente.
Custei a entender que eu não deveria continuar se não há
sinergia, custei a entender que as redes sociais não são sinceras e
reconfortantes, custei a entender o pensamento investido dos homens. A gente
não pensa igual.
Estava enfeitiçada pela ideia de amor romântico, casar
virgem, véu e grinalda e na base do namoro respeitoso, achava que podia confiar
e que fugiria de qualquer situação de risco, já que a “ladainha da minha mãe”
estava sempre nos meus ouvidos.
No meu pensamento isolado eu achava que poderia
administrar qualquer coisa sem revoltas ou mágoas, foi uma batalha perceber que
os homens querem forçar as coisas, querem provas de amor e ficam se esfregando
sem o seu consentimento.
Escute tudo o que eu tenho a dizer: jamais se intimida
por papinhos ou gestos, se não estais preparada para o sexo, simplesmente vá
embora, não importa onde estejas, vá e não olhe para trás, não se intimide.
Arcise Câmara
Crédito de Imagem: Fortíssima
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