Eternamente
cansada, um pouco abalada por tudo, sensibilidade à flor da pele, aparência
pálida, enjoo, ter dificuldade para dormir.
Era impossível
não perceber que alguma coisa estava fora dos trilhos, que não havia motivos
para passear e ir a algum lugar, que estava casada de tantas responsabilidades
e obrigações, o meu sorriso estava forçado e estranho.
Toda vez que me
sentia assim mexia com todos a minha volta, uma mãe bisbilhoteira em detectar
mentira de filha do “estou bem”, obviamente sem resultado alcançado, minha mãe
desejava todos aqueles sintomas para ela, Graças a Deus! Dizia ela quando eu
melhorava.
E era sempre
assim, eu transgredia as regras da boa saúde até que a doença me surpreendia
com pausas forçadas para que eu sobrevivesse, até que cumprindo as regras
direitinho as dores me soltava.
Assumi o meu
lugar, parte da minha doença era doença da mente, uns conflitos internos que
não sabia bem resolver, eu tomava conta de mim com muita negligência, era habitual,
mas eu ia tentar novamente.
Você deveria ter
envergonha disso, minha mãe falava quando eu mal me alimentava, ela não estava
brincando. Eu já não sabia o que era da minha vontade e o que era jogo para
chamar atenção.
Era uma lição
que todo mundo tinha aprendido, eu necessitava de atenção, de mimos, de algo
que talvez não tenha sido absorvido na infância, precisava me sentir
importante, eu tinha a intenção de me sentir vigiada e para isso repetia os
mesmos erros que acabavam comprometendo a saúde.
Fui mais
comedida, deixei o entusiasmo, eles (meus parentes) não entenderam nada. Eu
naquele instante percebi que precisava de espaço, frequentar o labirinto de mim
mesma, existir de modo completo. Não suspeitava que a cura para minhas aflições
estava dentro de mim.
Pelo amor de
Deus não era tão difícil assim, o momento chegou, aconteceu o inevitável, eu me
encontrei com as qualidades e os defeitos, com o real e o exagero, sem avisos
ou recados de quem me cerca.
Eu me
transformei, fui capaz de corrigir comportamentos e me olhar por dentro.
- Arcise Câmara
- Crédito de
Imagem: clika.me
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