Isso não deveria
me incomodar, mas pego-me com raiva de sua felicidade. Você me fez tanto mal,
traiu meus sentimentos, foi mesquinho e egoísta e agora eu te vejo sorrindo, de
bem com a vida, nos eventos sociais sem freios.
Com força total,
sorriso no rosto e seguindo em frente sem desistir dos obstáculos, as pessoas
me mantêm informadas, seus fluxos de balada, seus assuntos, sua inspiração
poética, suas emoções palpáveis e suas manifestações políticas.
Eu corria para
não ouvir a história, relembrar você me causava um peso, mas para onde eu fosse
e onde estivesse recebia notícias suas, eu planejava desculpas o tempo todo em
minha mente para mudar de assunto, para deixar que esse assunto passasse à toa,
para que ele não soubesse como eu estava se tinha gente para trazer notícias
com certeza teria gente para levar notícias também.
Debaixo do mais
perfeito sol eu estava feliz e a minha felicidade era contagiante, estava
desfrutando momentos de intimidade comigo mesma, estava curtindo a areia
branca, uma paisagem bonita, um mar de com quatro tons de cores verde e azul,
litros de água de coco, muito tempo no ócio lendo até perceber que todos ao
redor se foram.
No consenso
geral eu não tinha nada do que reclamar, não o amava mais, não estava
estressada, não tinha obrigações domésticas nas minhas costas, nem ataques de
fúria e de quebra ainda estava com a sensualidade de mulher fatal.
Não tinha dono,
nem brigava por tudo. Parece besteira, mas a gente amadurece com amores sem
sintonia, a gente perde a ansiedade, fica mais boazinha, faz favores pros
amigos, promete que tudo vai ser diferente.
A gente pega
raiva do desafeto, e solta um “ele que se dane!” quando alguém vem falar
qualquer coisa, seguido de arrependimento, outras vezes a gente coloca a
civilidade na frente e o cumprimenta, outras muda de direção.
A gente não
precisa provar nada para ninguém é apenas nosso lado egoísta, nossas justiças
internas, querendo que o que feriu no passado tenha consequências no presente,
agente não é rapaz de causar mal nenhum, nem de riscar seu carro ou estourar
seus pneus, ou mandar uma caixa de bombons com recheios estragados.
Não nos
comportamos como uma ex que quer depenar o outro, aliás merecíamos o pr~emio de
melhor ex do planeja na categoria coadjuvante, só não queremos que ele saia
impune.
- Arcise Câmara
- Crédito de
Imagem: universosertanejo.blogsfera.uol.br
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