Imagem: Google
A vida passa depressa ou lenta, dependendo muito das nossas
atividades, do nosso coração, já repararam como 30 segundos de micro-ondas duram
uma eternidade, horas de internet passam num piscar de olhos.
A gente fica no quarto trancada, assistindo televisão,
deixando a vida passar em vão, somos parte integrante do que queremos ser, umas
vezes em passos lentos, outras em tempos acelerados.
Saudade do dia não aproveitado que se foi, da dose exata de
solidão que faz nos conhecermos melhor, de falar bobagens, guardar segredos e
elogiar bastante.
Não pareço a idade que tenho, 36 anos voaram e talvez por
isso eu não me preocupo muito com idade, nem tenho razão para escondê-la, eu me
preocupo apenas em perder a jovialidade da alma, de não me importar com o ser
humano, de não ter motivos para confraternizar.
Tenho medo de faltar misericórdia, de surrar com
julgamentos, de partir nas horas erradas, alguém viu minha bolsa com listas e
lembretes das coisas que não devo esquecer, alguém viu os amigos que me dão
toques sutis quando estou saindo do raio, cadê meus grupos de afinidade que me
enchem de serotonina?
O tempo passou, mas aquela cicatriz no joelho esquerdo
permanecer, eu me recordo perfeitamente no dia que o esfolei, naquele dia eu
aprendi a ter medo para me proteger, aprendi que ser afoita sempre traz
consequências.
Quase nada é de graça, as mudanças incomodam no início, tudo
que se ganha se perde em outras coisas, ou é tempo, ou é dinheiro, ou o
afastamento de alguém, a luz e a escuridão lado a lado.
O dia morre, a noite nasce, o dia renasce e o mais
importante é não deixar o dia ir em vão.
- Arcise Câmara
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