Imagem: Google
Eita! Muita gente me conhece e eu não
conheço muita gente, sabe aquela sensação de responder um “lembra de mim?” sem
a menor sensação de quem seja. O pior é que muitas vezes eu me lembro da voz,
do jeito e tenho certeza de que estou em território familiar, mas o nome, ah o
nome passa longe da minha memória.
Nada me impede de mentir, principalmente se a
pessoa diz: “sempre tive saudades suas”, “nunca te esqueci”, “estava doida para
te reencontrar”, fico arrepiada de emoção e não sei muito bem como me
comportar, se digo que não lembro, se finjo que lembro se não falo nada e fico
tentando lembrar sem me envolver demais na conversa para não levantar suspeita.
Com cinco minutos de conversa, já me
sinto menos fria e mais enturmada, já falei da compra do apartamento, das
oportunidades do mercado, concentrei nas amenidades de revistas, fofocas e
novelas, já disse o suficiente para ser conhecida pelos próximos cinco anos,
mas infelizmente ainda não montei o quebra-cabeça, como é mesmo seu nome? Eu
acho muito improvável lembrar na altura do campeonato, melhor dizer que ela é
uma superquerida e que meu lapso de memória não tem nada a ver com ela, aliás,
esqueço até o nome da minha mãe (exagero lógico!).
Meu coração apertou quando ela ficou
inexpressiva, chateada e se sentindo um nada, ela se lembrava da minha época
brigona de colégio, a época que eu não levava desaforos para casa, hoje minha
casa tem um biongo cheio de desaforos que vou dedetizando aos poucos.
Como posso seduzir pessoas com meu
carisma, minha simpatia, meu sorriso largo e negligenciar ridiculamente o nome
das pessoas, gaguejar seu nomes, substituir por nomes que nada tem a ver.
Estou tremendo de medo de que isso ocorra novamente. Sempre ocorre, mas aviso
aos navegantes: Fiquei bem! Minhas falta de memória nada tem a ver com falta de
afeto, simpatia e entusiasmo em rever você, é coisa de cromossomos.
- Arcise Câmara
Nenhum comentário:
Postar um comentário