Tinha uma grande causa a conquistar,
queria me apaixonar, começar tudo outra vez, dessa vez de forma intensa,
madura, honesta, eu sabia o que tinha que fazer e assim aconteceu...
Não sou de guardar surpresas, de
parecer legal, revelo-me como sou, desmonto o meu disfarce nos primeiros dias,
soa falso não expor que ronco e outras coisinhas indesejadas, mas não acho
imerecedora desse amor. O que ele vira em mim já me passou pela cabeça, hoje,
não mais.
Sou extrovertida, descontraída e individualista,
gosto de estudar o outro como se psicóloga fosse, não é possível que alguém que
trata mal todas as pessoas mais humildes pudesse ser boa gente, mas não era o
nosso caso.
Lembrava de mim na fase besta para
homem, na fase que não sabia nem o que era amor próprio, muito mais amar alguém
de forma totalitária, sempre fui pés no chão, não queria namorar para casar
antes de financeiramente estável.
Tomei a iniciativa várias vezes,
nunca me ofendi em demonstrar amor, mesmo que corresse o risco de levar foras e
“passa sábado”, como de fato aconteceu, nem por isso deixei de declarar o meu
amor a quem eu julgava que merecesse como um temporal de emoções e com um
prazer torrencial.
Concentrei em proteger dentro de mim
tudo que foi bom, amores, amigos, lembranças, viagens, sonhos e projetos,
incluindo delícias sexuais de troca de energia.
A vida deixa as manifestações de
carinho esparsas, falta espontaneidade nas relações e disposição para lutar
diariamente para fugir da rotina que tanto atrapalha nossa vida, gestos e
toques são desvalorizados inconscientemente, desejos reprimidos, vingançonas
postas em prática, ficamos engessados para demonstrar amor com o tempo, mesmo
que ele esteja transbordando.
Nunca me senti forçada a nada, nossos
papos engrenavam sempre, faltava à força de vontade para colocar os sonhos em
prática, não há padrão, não há pessoa incapaz, a paixão ressurge quando achamos
que não estamos prontos, quando não queríamos correr riscos, mas tudo tende a
ser como tem que ser.
- Arcise Câmara
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