Ando com comportamentos erráticos, mal-humorada, chata, chorona, triste, ando com crise existencial, estou insatisfeita com o meu corpo, com minha mente, minhas ideias, meus projetos, estou em crise geral, me sentindo explorada, deixando-me explorar, ando me sentindo tão fora de mim, tão fake. As oscilações de humor estão constantes, um quadro de pertubação grave se degringola em mim. Finjo que me divirto e concordo com um monte de lenga-lenga, estou com preguiça de raciocinar, de me impor, de ser eu. Perece até que o coisa ruim, o inominável, o boca do inferno,o pé de cabra, o tinhoso se apossou de mim, preciso ser tema dentral de uma psicanálise urgente.
Pasei um mês de férias incríveis, saí demais, passeei bastante, mudei rotina, respirei ar puro, mergulhei em águas cristalinas e estou indisposta a voltar para a realidade de dirigir, trabalhar, estudar, dormir, sociabilizar. Ando me finjindo de morta para o que estou sentindo no momento, ando deixando pra lá minha frustração, sem dúvida ando subestimando pessoas, ando recebendo apoio de onde menos eu espero, ando recebendo colinhos utéis, ando mais pálida que o habitual, sempre optei por acreditar na intuição, mas ando paralisada com o que ela me diz. Copiei a cartilha, salvei no computador, mas não a pus em prática. A prática sempre é pior que a teoria, a prática exige esforço. Cabeça, coração e hierárquias à parte, tudo dando um nó. Estou me arriscando, está visível até para mim mesma, preciso agir rápido antes que a depressão me conduza, já tive uma vez, não quero ser reincidente.
Decido fazer escolhas, sempre boas escolhas, eu que escolho e não os outros por mim, eu faço e não o sujeito por mim. Ação de dentro para a fora e não de fora para dentro, eu sei o que fazer mas ando sem forças suficientes.
- Arcise Câmara
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