quarta-feira, 13 de março de 2013

Decisões de cabeça quente


As melhores e piores decisões nós tomamos de cabeça quente, com sangue fervendo, em ponto de ebulição e isso é tão danoso, ficamos no jogo do mata-mata, só calamos a boca quando temos a certeza que o outro se ofendeu, se magoou, se desestabilizou, quando o outro redobra as patadas e os vômitos da discussão. Esfriar a cabeça, separar o emocional do racional, nem sempre é fácil, analisar se aquela briga teria qualquer importância daqui a dois ou cinco anos ou se é realmente necessária é algo que não nos atentamos, porque precisamos ter-coisas, precisamos ser-boazinhas, precisamos ter-atendida-nossas-espectativas, precisamos fortalecer-sempre-o-ego-id-alterego. Nos falta pés no chão e uma visão mais longe, talvez visionária do momento. Espiritualmente estamos cansadas, tudo pesa, se pesa para a gente, imagina para o outro, se não nos suportamos, imagina o outro, se estamos insatisfeita com nossas expectativas arranhadas, imagina o outro. Somos instintivos e primitivos em alguns campos, somos teleguiados pelo pseudo dever-ser e com base nisso temos todas as nossas projeções e se não segue a linha os descontentamentos desencastelando como dominó. Falta saber parar. Falta contar até dez, se trancar até a poeira baixar, exercitar a respiração, nunca é fácil deixar de explodir, parece que explodimos por dentro, parece que somo bombardeadas se não expressarmos toda a nossa ira com a brutalidade e agressividade nas palavras e nos atos desrespeitosos, parece que não devemos engolir nem mais um pio. A impulsividade das brigas leva a quase 100% de arrependimentos e se arrepender não significa que o outro vai desculpar, não significa que o outro vai entender, não significa que o outro vai querer seguir junto, nossa vida tem um monte de consequências que começam e terminam com nossos atos e nem todo mundo está disposto aos chiliques e a convivência com brutos.
Uma aguinha, um passeio na varanda, um passo para trás, uma trancada no banheiro e qualquer outra coisa que te tire do campo de batalha, refletir e pensar no que vai dizer sem a intenção de magoar é para poucos, levar em consideração que não devemos agir por impulsos é uma tarefa disciplinadora, ter em mente a política do respeito é um dos maiores desafios para o outro que se apresenta daquele jeito, ser atingida por qualquer injustiça ou desconsideração deve ser motivo de muita reflexão para que nada seja decidido de cabeça quente, nada seja ostentado no auge da emoção, nada seja reforçado pela raiva e ira, nada seja o pivô de tantas provocações e de palavras amargas ditas em horas impróprias, talvez palavras amargas sejam sempre impróprias.
Diante de tudo, não há argumentos para resolver as coisas com a cabeça fervendo, não há motivo para isso, temos a vida inteira para recomeçarmos e porque não, de maneira civilizada.
- Arcise Cãmara

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