As
melhores e piores decisões nós tomamos de cabeça quente, com sangue fervendo,
em ponto de ebulição e isso é tão danoso, ficamos no jogo do mata-mata, só
calamos a boca quando temos a certeza que o outro se ofendeu, se magoou, se
desestabilizou, quando o outro redobra as patadas e os vômitos da discussão.
Esfriar a cabeça, separar o emocional do racional, nem sempre é fácil, analisar
se aquela briga teria qualquer importância daqui a dois ou cinco anos ou se é
realmente necessária é algo que não nos atentamos, porque precisamos
ter-coisas, precisamos ser-boazinhas, precisamos
ter-atendida-nossas-espectativas, precisamos fortalecer-sempre-o-ego-id-alterego.
Nos falta pés no chão e uma visão mais longe, talvez visionária do momento.
Espiritualmente estamos cansadas, tudo pesa, se pesa para a gente, imagina para
o outro, se não nos suportamos, imagina o outro, se estamos insatisfeita com
nossas expectativas arranhadas, imagina o outro. Somos instintivos e primitivos
em alguns campos, somos teleguiados pelo pseudo dever-ser e com base nisso
temos todas as nossas projeções e se não segue a linha os descontentamentos
desencastelando como dominó. Falta saber parar. Falta contar até dez, se
trancar até a poeira baixar, exercitar a respiração, nunca é fácil deixar de
explodir, parece que explodimos por dentro, parece que somo bombardeadas se não
expressarmos toda a nossa ira com a brutalidade e agressividade nas palavras e
nos atos desrespeitosos, parece que não devemos engolir nem mais um pio. A impulsividade
das brigas leva a quase 100% de arrependimentos e se arrepender não significa
que o outro vai desculpar, não significa que o outro vai entender, não
significa que o outro vai querer seguir junto, nossa vida tem um monte de consequências
que começam e terminam com nossos atos e nem todo mundo está disposto aos
chiliques e a convivência com brutos.
Uma
aguinha, um passeio na varanda, um passo para trás, uma trancada no banheiro e
qualquer outra coisa que te tire do campo de batalha, refletir e pensar no que
vai dizer sem a intenção de magoar é para poucos, levar em consideração que não
devemos agir por impulsos é uma tarefa disciplinadora, ter em mente a política
do respeito é um dos maiores desafios para o outro que se apresenta daquele
jeito, ser atingida por qualquer injustiça ou desconsideração deve ser motivo
de muita reflexão para que nada seja decidido de cabeça quente, nada seja
ostentado no auge da emoção, nada seja reforçado pela raiva e ira, nada seja o pivô
de tantas provocações e de palavras amargas ditas em horas impróprias, talvez
palavras amargas sejam sempre impróprias.
Diante
de tudo, não há argumentos para resolver as coisas com a cabeça fervendo, não
há motivo para isso, temos a vida inteira para recomeçarmos e porque não, de
maneira civilizada.
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Arcise Cãmara
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