terça-feira, 1 de janeiro de 2013

A minha mãe

A minha mãe é boa demais, ela é o serzinho menos egoísta, mais generoso, mais presenteadora que eu conheço. A marca registrada da minha mãe é servir. Ela se sente o máximo ajudando os filhos, ajudando amigos, arrumando emprego pra um, parto para outra. A minha mãe é cara de pau em pedir, pedir para ajudar necessitados é com ela mesma. Ela faz os outros amarem na prática, um coração sem tamanho. Dar do próprio bolso, mas tira dos bolsos dos outros também. Mãe Hobbywood.
Um certo dia em 2010 (não sou ligada a data e não me lembro o dia) a minha mãe teve AIT – Aneurisma Isquêmico Transitório, nossa eu quase surtei, nesse dia eu me ajoelhei e disse para Deus: Por favor não! Não com ela. E nesse dia fatídico em que a minha mãe não tinha forças nas pernas, dia em que entrou no hospital em cadeira de rodas, não me reconhecia, com a língua travada eu me sentia sem chão, com vontade de chorar sem fim e o pior de tudo sem apoio nenhum. Sei lá, a gente se sente tão desamparada com a nossa mãe doente, a gente se sente órfã, a gente se sente um ninguém no mundo, um vazio no universo.
Papai estava mais nervoso que eu, os olhos cheios de lágrimas contidas para falar com os médicos e eu rezando, me concentrando na fé e na minha negociação com Deus.
O mundo naquela hora não estava sendo maternal comigo, eu estava ali querendo que a minha mãe saísse logo da sala de reanimação.
Por um instante e em meio a tanto nervoso e a tanto sofrimento eu ainda escutei: “Ei, você não é única filha”. Naquela hora o chão se abriu porque não tinha espírito para brigar, para argumentar, apesar de ter ensaiado um “foda-se” mentalmente.
O coágulo se dissolveu e em 3 horas minha mãe estava perfeita, mas sem memória recente, não se lembra desse dia, mas papai e eu jamais esqueceremos.
Eu como vizinha da minha mãe, sou a que enxergo de perto as necessidades, o nervosismo, a voz embargada, as chateações, eu como vizinha da minha mãe sou a mais próxima para prestar socorro, para conversar, para prestar ajuda. Eu não sou filha única, mas ela é a minha ÚNICA MÃE. Eu jamais irei deixar de socorrer, ajudar, amparar, ou fazer o que for preciso porque não sou filha única, porque um dos meus irmãos estava viajando e os outros moram distantes. Eu não vou pensar em nada a não ser salvar a minha mãe de qualquer mal e de tudo que estiver ao meu alcance. O papai de tão nervoso não conseguia agir, nem dirigir. Se eu pudesse seria a filha superprotetora, a blindadora de mágoas e ressentimentos. Colocava minha mãe na bolha do amor, da paz, da plenitude. Se eu pudesse eu transferiria qualquer mínimo arranhão do seu coração para o meu. Se eu pudesse, teria um coração estrupiado para que minha mãe tivesse um coração limpo, sem rancor, sem mágoas.
Ser chamada de “filhinha” e “nega linda” não tem preço. Ter a mãe que eu tenho é o melhor presente que um ser humano limitado como eu possa ter recebido.
A mamãe tem um lado chatinho, o lado que conta a mesma história um milhão de vezes, o lado que multiplica por mil as tuas travessuras e faz drama, o lado implicante e desconfiado. Mas o coração maior do mundo. A pessoa mais incrível, meiga e linda que eu conheço. A cata parentes, a recordista em número de afilhados, a mãe amiga, conselheira, moderna e cheirosa. A que tira da boca para dar a quem precisa. A mamãe tem uma dor que não desdói, a mamãe é órfã de pai e mãe e passa para gente o tempo todo o quando seus pais fazem falta em sua vida. Quando minha mãe se sente em apuro ela grita: Irineu da minha alma. O Papai faz parte da alma da minha mãe. A mamãe diz: Filha emagrece, não é saudável, eu rezo para você emagrecer e completa: sem doença claro! E sem remédios.
A mamãe acha que a meu apartamento é um quarto a mais da casa dela, ela é enxerida. Quer saber se tem comida, se as portas estão bem fechadas, se as janelas estão encostadas, quer que eu ligue quando chego de madrugada, quer que eu convença amigasa dormir em casa. Quando fui morar só, enquanto o papai se lamentava ela disse: pensa pelo lado bom. Podemos morrer em paz que nossa filha sabe se virar. Hoje ela acha que todo mundo deveria morar só. Amadurece, diz ela.
A ALDENÔRA CÂMARA DE ASSIS é meu porto seguro, meu anjo, minha fortaleza, meu sol, meu mar, minha luz, minha estrela mais brilhante, meu amor incondicional.
Mãe eu te amo com todas as minhas forças!!!
- Arcise Câmara

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