sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Hoje é o dia do meu Pai



Meu pai completa hoje 67 anos e o que eu posso dizer. Bem meu pai, é super teimoso, pensa em alguém teimoso. Pensou? Agora multiplica por mil, pois é. É ele.
Eu estava aqui pensando nas inúmeras qualidades e nos defeitos do meu pai (é porque não vou poupá-lo só por ser seu aniversário). E eu me vi, ali, bonitinha carregando um monte de defeitos e um monte de qualidades oriundas desse DNA.
Eu me vejo teimosa e cabeça dura igual ao papai, eu me vejo irritada grau zero, igual ao papai, eu me vejo generosa e bondosa igual ao papai e principalmente chorona e manteiga derretida, cópia cuspida e escarrada do meu pai. Por trás de uma carcaça pomposa existe alguém muito frágil que pede colo, pede ajuda e grita por socorro algumas vezes, sem contar que se o meu pai é dramático eu saí dramática e meia, melodramática, talvez. Eu me lembro como se fosse hoje o pai dizendo assim: “Um dia você vai ter um pai legal, um pai nota 10”, isso porque eu o tinha criticado em algo que eu nem lembro mais.
E sabe o que aprendi com o meu pai, aprendi que homem chora, que homem cozinha, que homem cuida dos filhos, eu disse: cuidar e não ajudar, cuidar mesmo, tipo banho, tipo dar comida, tipo limpar bumbum, tipo dar mamada de madrugada, o famoso 'gagau'. Aprendi que não devemos colocar o nosso nome em projetos que não acreditamos, aprendi a ser eu mesma e a me valorizar por isso, aprendi que não importa se você é errada, irritada e estressada, que o que importa mesmo é reconhecer-se errada, que o que importa é ter humildade para pedir desculpas, é ter a certeza que podemos remendar, consertar, recomeçar e não se culpar ou parar por causa disso, aliás somos humanos. E erros fazem parte do aprendizado, mas errar demais enjoa né! E por isso precisamos tratar os outros como gostaríamos de ser tratados, amar como gostaríamos de ser amados e respeitar como gostaríamos de ser respeitados.
Aprendi que o melhor mesmo era brincar com ele, brincar de futebol, brincar de bolinhas de gude, de barra bandeira, de manja esconde, de manja pega, de manja “coca”, de macaca, de cemitério, era muito mais divertido brincar com brincadeiras de grupo ou de menino do que convencer a minha mãe a tirar as Barbies da caixa, aliás ela comprava bonecas para enfeitar o quarto, as bonecas tinham um destino certo, as prateleiras.
Quando tínhamos febre, o papai no auge do convencimento e com a autoestima tocando nas nuvens, colocava uma camisa sua na gente para passar a febre e passava mesmo e quando ele viajava a gente tinha febre de saudade e a camisa e o cheiro dele era um Santo Remédio e acreditem, curava.
Com 2 meses, meu irmão foi internado, e o meu irmão chorava muito, estava todo furado e o papai sofria muito porque lia nos olhos do meu irmão de 2 meses dizendo: “Pai me tira daqui”, daí o papai me disse à época: “Essa foi a pior dor que eu já senti”.
O papai me ensinou a admirar homens como ele, o papai não é machista, não é chato, não é grude, não sufoca a minha mãe, não exige algo que a minha mãe não possa dar, e acho que a relação deles está pautada no “o combinado não sai caro”.
Aprendi que devemos amar as pessoas como elas são, sem esperar que mudem, sem tentar colocar goela adentro a nossa forma de pensar, ninguém vai entender a sua vida, você traz bagagens, sonhos, frustrações, cicatrizes, alegria. A vida não é um Manual e enquanto eu era a protagonista da novela mexicana eu não tinha aprendido mais uma lição vinda do meu pai. Quantas vezes briguei com o papai pelo choque de gerações, quanta vezes briguei com o papai por ser careta, retrógrado... Quantas vezes!!! Hoje me vejo careta e retrógrada com minha irmã mais nova, me vejo refletida no espelho e me vejo copiando atitudes e posturas que antes censurava, aprendendo com a convivência, com o exemplo, com os erros e acertos.
Relembrando tudo isso, acredito ainda mais no “nada é por acaso” porque o MEU PAI me agrega muito valor, o MEU PAI me faz repensar na vida, o MEU PAI me põe nos trilhos, o MEU PAI me ama do jeitinho que sou e tenho certeza que daria sua vida por mim, o MEU PAI desejou que minha pneumonia se transportasse para o corpo dele, o MEU PAI é meu pai, meu irmão, meu amigo, meu conselheiro, meu confidente, alguém por quem eu atravesso uma parede. Eu desejo neste grande dia, nesse dia incrível, nesse dia tão tão especial, eu desejo saúde, eu desejo vida longa com muita banana, eu desejo que ele pare de usar aquela calça roxa ridícula que eu odeio mas que ele acha o máximo, eu desejo infinitamente tudo de bom, de melhor, de profundo, de quente e tudo isso acompanhado de muito suce$$o.
Pai eu te amo muito, eu te amo que só!



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