Li
o primeiro livro da trilogia e gostei demais, porém com ressalvas, mas morri de
rir de um monte de críticas de mulheres que acham que só quem gosta do livro são
carentes, vovós e complicadas.
Primeiramente
li sem preconceito. Na minha casa sexo nunca foi tabu, muito pelo contrário,
sexo era discutido em mesa redonda digamos assim. Não era nada avacalhado tipo:
“lavou tá nova”, ou “o corpo é meu dou pra quem quiser”, o sexo era tratado com
coisa de adulto e responsável, então para fazer sexo tinha que ter esses dois
pré-requisitos e mais independência financeira, em outras palavras: estude,
batalhe, seja o que você quiser aí em tão você pensa "naquilo". Para mim,
especificamente, sexo tem muito a ver com energia, com troca, com
reciprocidade, com cumplicidade. E por isso às poucas vezes que faltou sintonia
me arrependi horrores,
O
sexo sadomasoquismo explicitado no livro 1, apesar da riqueza de detalhes não é
tão aberrante assim, existem sadôs muito mais sadôs com fezes, urina e coisas
mais nojentas.
A
paixão e o amor de Anastásia também não é nada idiota como pregam, a moça era
virgem, foi seu primeiro e único amor, um homem lindo, poderoso e autoritário
que pode lembrar autoridades platônicas de adolescentes que fantasiam com
professores, guardas, militares ou qualquer ser que exerça o fetiche de poder.
A
surpresa e o mesclado de emoções entre o gostar e o não gostar, entre o comum e
o incomum entre o senso comum e a minoria. Porque não? Tem mulheres que sentem
prazer em sexo anal, não vejo tanta diferença apesar de não curtir, fetiche é
fetiche, fantasia é fantasia, poder e submissão pode fazer parte e isso está
mais enraizado do que imaginamos. Uma vez, após uma recusa, ouvi do amado: se
você negar eu faço com outra, pelo amor do quá quá quá, eu não tinha o direito
nem de não estar a fim, ou outra vez que ouvi: se você se mantiver virgem,
estou fora, arrumo outra. Ou tem que ser assim, tem que ser assado, engole que
eu gosto. É claro que tudo no sexo é uma combinação, mas quantas e quantas
vezes somos dominadas? Quantas vezes somos submissas? Fazemos para agradar,
para não magoar, para não perder, achamos normal o incomum, damos uma de
moderna, devemos ser lady na mesa e puta na cama, quando na verdade queríamos
apenas um mamãe e papai cheio de emoção. Um vem pra cá, um tamo junto.
O
livro é válido porque nos faz refletir sobre o que queremos, o que topamos,
como gostamos, o que não devemos repetir, o que nos faz mal, o que nos
incomoda, quais são nossas verdades, o que nem por todo amor do mundo eu faria.
Uma
das coisas que ratificou o que eu não faria, é sexo para fazer as pazes, parece
banal para muitos casais, mas não pra mim. Eu não consigo ser criticada,
magoada, humilhada e finalizar na cama, posso sim finalizar na cama depois de
pedidos de desculpas e olhar de arrependimento, mas não aturo o egoísta que
quer fingir que nada aconteceu e quer tchu.
Para
finalizar, o livro e a leitura são utilizados com o propósito de diversão,
imaginação, ficção, foge da realidade, foge do certinho, do normal, do moderno,
do feio, do ridículo e não há como denominar que serve para encalhadas, putas e
afins, se você ler sem o contexto do preconceito, você pode adorar, assim como
eu.
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