segunda-feira, 10 de setembro de 2012

50 Tons de Cinza


Li o primeiro livro da trilogia e gostei demais, porém com ressalvas, mas morri de rir de um monte de críticas de mulheres que acham que só quem gosta do livro são carentes, vovós e complicadas.
Primeiramente li sem preconceito. Na minha casa sexo nunca foi tabu, muito pelo contrário, sexo era discutido em mesa redonda digamos assim. Não era nada avacalhado tipo: “lavou tá nova”, ou “o corpo é meu dou pra quem quiser”, o sexo era tratado com coisa de adulto e responsável, então para fazer sexo tinha que ter esses dois pré-requisitos e mais independência financeira, em outras palavras: estude, batalhe, seja o que você quiser aí em tão você pensa "naquilo". Para mim, especificamente, sexo tem muito a ver com energia, com troca, com reciprocidade, com cumplicidade. E por isso às poucas vezes que faltou sintonia me arrependi horrores,
O sexo sadomasoquismo explicitado no livro 1, apesar da riqueza de detalhes não é tão aberrante assim, existem sadôs muito mais sadôs com fezes, urina e coisas mais nojentas.
A paixão e o amor de Anastásia também não é nada idiota como pregam, a moça era virgem, foi seu primeiro e único amor, um homem lindo, poderoso e autoritário que pode lembrar autoridades platônicas de adolescentes que fantasiam com professores, guardas, militares ou qualquer ser que exerça o fetiche de poder.
A surpresa e o mesclado de emoções entre o gostar e o não gostar, entre o comum e o incomum entre o senso comum e a minoria. Porque não? Tem mulheres que sentem prazer em sexo anal, não vejo tanta diferença apesar de não curtir, fetiche é fetiche, fantasia é fantasia, poder e submissão pode fazer parte e isso está mais enraizado do que imaginamos. Uma vez, após uma recusa, ouvi do amado: se você negar eu faço com outra, pelo amor do quá quá quá, eu não tinha o direito nem de não estar a fim, ou outra vez que ouvi: se você se mantiver virgem, estou fora, arrumo outra. Ou tem que ser assim, tem que ser assado, engole que eu gosto. É claro que tudo no sexo é uma combinação, mas quantas e quantas vezes somos dominadas? Quantas vezes somos submissas? Fazemos para agradar, para não magoar, para não perder, achamos normal o incomum, damos uma de moderna, devemos ser lady na mesa e puta na cama, quando na verdade queríamos apenas um mamãe e papai cheio de emoção. Um vem pra cá, um tamo junto.
O livro é válido porque nos faz refletir sobre o que queremos, o que topamos, como gostamos, o que não devemos repetir, o que nos faz mal, o que nos incomoda, quais são nossas verdades, o que nem por todo amor do mundo eu faria.
Uma das coisas que ratificou o que eu não faria, é sexo para fazer as pazes, parece banal para muitos casais, mas não pra mim. Eu não consigo ser criticada, magoada, humilhada e finalizar na cama, posso sim finalizar na cama depois de pedidos de desculpas e olhar de arrependimento, mas não aturo o egoísta que quer fingir que nada aconteceu e quer tchu.
Para finalizar, o livro e a leitura são utilizados com o propósito de diversão, imaginação, ficção, foge da realidade, foge do certinho, do normal, do moderno, do feio, do ridículo e não há como denominar que serve para encalhadas, putas e afins, se você ler sem o contexto do preconceito, você pode adorar, assim como eu.

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