Um erro não justifica o outro, o meu ressentimento era
uma pontada de irritação constante, eu tinha entrado no relacionamento por
questões superficiais, eu tinha mudado meu comportamento, não estava mais tão
perto da natureza, e havia abandonado a comida saudável.
Quem é você? Eu me perguntava o tempo todo, eu me magoava
pelo desinteresse dele, eu queria um amor pegajoso, nojento feito dois sapos
grudados. Ele sumiu por 22 dias, foram dias de solidão.
O amor vos coroa e vos sacrifica eu tinha lido em algum
lugar, eu achava que tudo isso era certo, quantas vezes já me queixei do mundo injusto
e estava sendo injusta comigo mesma.
Querer salvar o outro tem a ver com você, com quem você
é, com as melhorias que você quer para o mundo, porém ele não presta e eu não
sabia lidar com isso. Ele não era organizado, tratava a mãe como capacho e eu o
aturava de maneira péssima, fazendo com que as coisas só piorassem.
Meu marido me maltratava e eu achava que um pedaço de
papel definia a nossa relação para sempre. Eu não arriscava pensar nem por um
segundo me desfazer do elo, talvez eu desperdiçasse a minha vida inteira
tentando salvá-lo, mas jamais o abandonaria.
Toda minha frustração afetava minha escolha alimentar,
era uma vida maluca, uma vida de arrependimentos e crises, um sentimento raro
de autopiedade uma parcimônia fora do normal e um cuidado excessivo.
Ultrapassei os limites da previsibilidade denunciando-o
na Lei Maria da Penha, o que me levou a tomar essa decisão foram algumas
mensagens de redes sociais. Ele me implorou para retirar a queixa, passou 4
meses me pedindo perdão, ele disse que ia se prejudicar no emprego, disse
outras coisas que me comoveriam em outra época.
Tinha uma queda por ele, mas a recíproca não era
verdadeira, continuei em silêncio e ele começou a me ameaçar de morte, começou
a dizer muitas histórias reais e fictícias a meu respeito, começou a me dar
medo, e foi com pavor de morrer que terminei um casamento tóxico.
Arcise Câmara
Imagem: coisas de diva
Nenhum comentário:
Postar um comentário