Talvez seja uma construção diária, um aprendizado, um
olhar externo, talvez seja uma recusa de padrões, ou ainda ser metódica no
cuidar ou no olhar, a beleza não é a moça ou o moço bonito da noite de sábado.
Podemos deixar passar a pessoa maravilhosa que está ao
nosso lado sem ver a beleza que existe nela, podemos só perceber anos mais
tarde, ou significativamente quando estivermos mais velhos.
O marido tem estado distante, reclama do peso, das rugas,
das manchas, ele também está gordo e acabado, mas eu ainda o vejo belo, não é
cegueira, é apenas a visão do todo, a beleza da essência.
Não viemos a este planeta a passeio, não acredito na
teoria do acaso, a natureza é tão bela, as belezas naturais são tão
intrigantes, a arte é tão notória, a gente em constante evolução.
Eu não acredito em quem me rebaixa, eu não acredito em
quem tem sempre algo negativo a dizer, em quem só sabe falar de si, nem quem
não foi educado para enfrentar um não firme e decidido.
Valorizo as potencialidades, valorizo o sentimento especial
e a autoestima de quem dá grandes saltos, valorizo a capacidade de chegar na
adversidade sem nível de ansiedade.
Nunca durmo bastante, não tenho nenhum hobby, me deixo
contaminar pelo que os outros pensam de mim, minha mente não tem livre arbítrio,
meu coração partido não é exclusividade minha.
As pessoas amam o individualismo e se preocupam pouco com
o bem-estar dos outros, falar que não sou bela, que não tenho nada a
acrescentar, falar que sou supostamente inferior.
A ilusão é poderosa para afundar alguém, a minha resignação com autenticidade deveria
ser previsível. Diante de percalços, escolhi não ser mãe por achar que não
aguentaria um terceiro aborto, eu me sentia feia e inapropriada, eu não me
sentia digna. Hoje, depois de me reconhecer como sou e me amar com cada ruga,
cada grama, cada excessos ou faltas eu acerto em dizer que o belo que vês é o
belo que está dentro de ti, e a feiura que insiste que tens em mim reflete
dentro de você.
Arcise Câmara
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