segunda-feira, 4 de março de 2013

Tirando um pouco daqui

É incrível como a gente acaba levando um pouco de si onde estamos, não adianta mudar de cidade, país, continente, somos os mesmos, carregamos as essências, o pensar o agir, não adianta nos retalharem em pedaços, não adianta firmar posições. Somos o que somos.
Sou urbanista, amo um mato, um rio, um por do sol, mas não me vejo em sintonia com a natureza num lugar calmo, sou ligada em formas, padrões e sensações, não curto o mesmo jeito de novo e de novo, apesar de contrariar alguns padrões, sigo os próprios. Já fui de pensar em pares, já fui de menosprezar a solidão, já fui de deixar tudo como deve ser o figurinho, a regra de ouro da convivência. Hoje acho algumas coisas modismos, outras a gente faz sem saber porque está fazendo, outras inúmeras são politicamente corretas, reconheço a minha fraqueza e minha grandeza, reconheço a minha alma e do que ela necessita, acho que todo o ser humano busca divindade. Às vezes entro em colisão entre os desejos, a cultura, as exigências do mundo. Aprendi a ser mais exata que humana, a arregalar os olhos e diferenciar o passado do hoje. Ali já dei passos largos numa determinada direção, ali abandonei os sonhos na primeira dificuldade, ali fui julgada por ser quem não sou, ali eu fiz do recomeço um caminho necessário, ali me apresentei ao meu self, ali deixei as fantasias de lado, sinto-me mais profunda, mas antes disso, estive arrasada embora numa fachada perfeita para quem via de fora. Abra-te, Sésamo! era a palavra de ordem, sem rodeios, censuras, acontecimentos impressionantes, sem lacerações, apenas ferimentos leves com uma cauterização rápida, sem o assassinato do eu e nem do nós.
- Arcise Câmara

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