Onde eu errei com ele? Vamos ter orgulho do
que conseguimos conquistar, deu certo por um determinado tempo. Fizemos um
ótimo trabalho desperdiçando o tempo um do outro. Precisava fazer um esforço
consciente para alcançar a felicidade.
Viver um relacionamento e um casamento não
resolve a vida de ninguém, me arrependi de não ter sido mais tolerante. Pensei
na separação como uma chance de conseguir coisas melhores.
Eu me senti muito diminuída, nada em mim
prestava, minha autoestima foi a zero. Se estiver tudo bem eu entendo, só não
quero fazer parte do processo de que o outro precisa estar mal para que eu
fique bem.
Eu era a mesma criatura, mas sem os
mistérios, sem o cheiro, sem o encanto no olhar, sem a eletricidade, sem os
beijos, os chamegos. A gente vai estreitando a distância e se adaptando a
frieza.
A gente pede carinho, pede afago, pede
postura, quer receber atenção, bondade, mas evita se comprometer, evita se
doar. Prometemos de joelhos e não cumprimos. Somos a coragem de cobrar o que
não fazemos.
Na verdade, estou cansada de ver uma vida
feliz e perfeita nos outros, uma realidade distante de mim que sou uma humana
complicada. Enquanto procurava o firmamento, encontrei estrelas desconhecidas.
Boas estrelas.
A mulher cansa de dar sem receber, hipoteticamente
falando eu disse sim a várias coisas que deveria dizer não. Não podemos nos olhar
com os olhos do coração. Eu me sinto muito bem comigo mesma e com meu peso no
momento, mas nem sempre foi assim.
Busquei no parceiro aceitação e acolhimento,
meu toque feminino deixava marcas em tudo, o beijo não tinha gosto certo. Você
descobre que todas as coisas boas da vida são de graça, estão ali a nossa
disposição.
Vivi com verdades distorcidas. Nunca tinha
sido tão infeliz num relacionamento como agora. Decidi pela separação e lidei
com ela me ocupando. Quanto mais se dá, mais se recebe, a bondade volta, o amor
preenche, a vida fica leve e feliz.
Nada vale o sacrifício de sobrecarregar a
vida de felicidade mentirosa. O mal não tem cura, não se multiplica maças
podres. Eu acreditava que ele era apaixonado por mim, assim como eu era, mas
depois vi que ele tinha preguiça em me fazer feliz.
Deixei-me ir embora numa boa, com amigos
íntimos capazes de me fortalecerem e que sempre me valorizaram pelo que sou e
não pelo que tenho. Foi assim que segui a estrada pela qual conhecia o caminho.
Arcise Câmara
Imagem: isiinfinity
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