Já fui contra cotas, achava que pelo fato do meu pai ter
vindo de uma família miserável e ter galgado o sucesso, achava que se meu pai
foi capaz, qualquer um seria.
Sempre me traí por coisa pouca, achava que a simplicidade
da vida tornava tudo mais fácil, mudei quanto a maneira de pensar,
comportamento, convivência social, acredito no sistema de cotas.
Nós adultos às
vezes temos comportamentos impróprios para nossa idade, maturidade é o nível de
desenvolvimento em comparação com pessoas da mesma idade. Aprendi que há muita
desigualdade no aprendizado.
A história da minha vida deve ser recuada alguns anos,
minha infância foi feliz e sem luxos, aliás luxos nunca tivemos, mesmo nos
tempos de ouro e fartura, vivemos compartilhando com os que menos tinham.
A história de cada homem é essencial, eterna e divina, o
jovem de hoje, alcança a maioridade sem atingir independência real em relação
aos pais e outros adultos, demora mais o sonho da faculdade ou da casa própria,
as coisas ficaram mais difíceis.
A família é a mesma, nem sempre o ambiente é o mesmo, as
cotas levam em conta até uma alimentação insuficiente e inadequada que causa
fadiga, isolamento social e até comportamentos agressivos.
A cota elimina as distâncias entre jovens desnutridos,
desempregados, sem dinheiro para livros, dá autoestima a si mesmo,
contextualizando cada indivíduo com seu próprio ritmo de desenvolvimento.
Os jovens têm interesse pelas coisas da vida prática, a
vida não é apenas o prazer carnal, há sociedades que não permitem ou reprimem
relações sexuais antes do casamento e o melhor da faculdade é o senso crítico
que brota na cabeça de cada um.
O instinto de inutilidade pode ser canalizado para os estudos,
os problemas psicológicos que os adultos enfrentam, são repressões na infância
de que nasceram para ser pobres.
O desenvolvimento é um processo contínuo e ordenado, ser
alguém exige esforço, uns poucos são privilegiados e a maioria é explorada.
Arcise Câmara
Imagem: usc
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