Sem generalizar é a qualidade mais admirável,
assim como o bom-humor. Conseguir enxergar o lado bom das coisas mesmo na
dificuldade é um surpreendente gesto.
O medo não deveria me dominar, mas tenho medo
de parecer arrogante, prepotente, nariz empinado. Tenho medo de estar no biombo
da hipocrisia, viver uma vida com autonomia e sem os agradecimentos
necessários.
Tem muita gente que acha que essa conversa
não leva a nada, que devemos ser nós, e até com certa frequência não se
importar com o que os outros acham ou pensam.
Bom, o meu processo de evolução diz que cada
um é diferente, temos uma mistura de sentimentos no coração e muita teoria na
cabeça, aprendemos lições de tolerância e cumplicidade e devemos ter
simplicidade nas atitudes. Existe até adjetivos favoráveis e desfavoráveis,
como sendo bom ou ruim.
Por um tempo sofri a ausência de paixão,
achava que era normal na minha idade, nada me motivava, nada me empolgava, nada
me satisfazia a me mexer, eu não queria conviver com pessoas lentas, eu não
tinha a estatura da paciência, eu sempre achava que a vida sabia o que faz.
Mentia para mim mesma, era só uma aperitivo
para enganar a minha inquietação,
buscava respostas na internet, cheguei a perguntar ao google o que era
ser feliz, por que eu estava presa ao passado ou tentando imaginar o futuro.
Não gosto de generalizações, bato firme nessa
tecla, nem todo homem é pagador, nem toda mulher é mal comida, casamento para
uns é maravilhoso, para outros uma dificuldade a ser superada, nem todo mundo
sabe domar o seu leão.
Tive várias relações que acabaram bem, várias
relações em que meus exes me odeia e outras duas em que eles querem reatar. Por
conta disso fiquei sem comer desde ontem. Eu não servia, eu não prestava, eles
não me amavam, e após eu ter conseguido vencer cada obstáculo, sou a pessoa
mais honesta e linda do planeta.
Ex para mim não se tornam inimigos em
potencial, mas minha extema generosidade não inclui dá chances a
relacionamentos que já fracassaram uma vez, mesmo que a humildade seja meu
mantra, mesmo que vez ou outra eu desconte minha raiva nos fracos.
A gente percebi o zum zum zum de como as
pessoas julgam nosso comportamento, a gente sente as certezas possíveis, a
gente sabe lá no fundo do coração quando está perdendo o nosso maior tesouro.
Eu sempre mostrei sinais de ansiedade, não é
à toa que engordei 30 quilos, não é à toa que só eu me sentia radiante depois
de comer uma caixa de chocolates, mesmo com muitos quilos a mais sempre me
achei com uma aparência boa o suficiente, meu peso nunca influenciou em minha
autoestima, para mim era uma lenda gordas não se acharem lindas e sensacionais.
Cadê minha humildade gente?
As cobranças são os grandes, gordas terão
problemas nos relacionamentos, gordas acabarão solitárias e tristes, gordas
serão rodeadas de gente que suga ainda mais sua insegurança.
Meu sorriso era lindo apesar do meu corpo,
meu rosto bonito apesar do meu corpo, aos poucos fui domestificando fantasmas,
as emoções que eu sentia e precisava administrar me tornou única, aprendi
rapidamente que o céu me pertencia, tinha nascido para ser feliz e para ser
humilde.
Vivenciei traições, vivenciei momentos tensos
e resolvi que era hora de pensar em mim, fiquei com medo da solidariedade
disfarçada de pena em cima dos gordos, fiquei com receio de abraços mágicos.
Eu estava mais uma vez pensando pequeno, eles
eram inteligentes, interessantes e carinhosos, eu tinha esgotado os meus
recursos naturais de força de vontade em emagrecer.
Fiquei feliz em conhecer a verdade e poder
seguir em frente, fiquei feliz em me aceitar e lutar por qualidade de vida,
fiquei feliz em tirar das mãos o passado e o futuro, fiquei feliz em não me
importar com amores não correspondidos. Mas a humildade eu só entendi
verdadeiramente quando deixei de julgar.
Arcise Câmara
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