Sufocar a espontaneidade e a criatividade da criança em
nome de padrões adultos, é preciso exercitar na prática e de forma não amigável
porque ser ativo, desinibido, criador, bem sucedido, independente, amigável
ofende, principalmente quando vindo de uma família humilde.
É preciso ter mínima submissão, é preciso parar com a auto-agressão
não condescendente, intransigente. Cada um estabelece os próprios padrões de
conduta, escolhe um lugar destituído de amor ou não.
O que é ensinado de forma inconsciente permanece por mais
tempo, a vida dá lições muito mais
valiosas que qualquer livro, vivi a experiência de estar completamente só e
gostei disso.
Senti-me isolada dentro do grupo, sou muito mais tímida
do que a maioria e mesmo assim não ficava nem um pouco envergonhada em ser eu
mesma, criei uma sensação de vazio,
incapacidade e insignificância.
Estava sentindo-me incompleta, como se faltasse algo para
ser eu mesma, estava num autoconceito equilibrado entre o que os outros pensam
e o que nós pensamos, o que os outros acham e o que eu acho.
São necessários muitos outros fatos, mesmo levando em
consideração a opinião dos outros, devemos tomar nossas próprias decisões, decidir
pro si, fazer nossas próprias escolhas, ter espírito crítico a respeito de tudo.
O dia que eu for embora desse mundo que tipo de legado
vou deixar? Tentei manter um controle mais rígido de como me comportar, adquiri
a necessidade de participação e de realização de boas obras.
Compreendi a importância dos outros, eles são importantes
por razões práticas e psicológicas, semeei o carinho e o agradecimento. O papel do amigo é de encher
nossa necessidade, não nosso vazio.
Tive uma infância com condições materiais precárias, não
havia condições de viver razoavelmente,
comecei a valorizar os livros mais que a tv e o celular, fui parte da enorme
desigualdade social.
A pobreza tem um esteriótipo, a gente fica com acesso
cuidadosamente controlado, um remédio amargo que precisa ser tomado, diz alguns
no viés da discriminação numa comunicação artificial, devendo ser o que a sociedade
nos impõe.
Arcise Câmara
Imagem: sempre família
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