Não havia razão para homenagens, não demonstrei amor, meu
calcanhar de Aquiles era medo de amar, não tinha uma necessidade de me
expor, mais um capricho em estar acompanhada.
Ofereço conselho quando não solicitado, todos os meus
problemas de saúde se resumiam a gordura, minha alma desabrocha igual lótus,
mas sou focada em muitas coisas e desfocada no amor.
Meus sentimentos me faziam tropeçar, cair, machucar, é
claro que eram só acidentes, fui ferida pelo amor, mas vivo sobrevivendo e
desistindo de outros prazeres, como comida por exemplo.
O amor que permeava tudo, anos de formação, uma carreira
de sucesso, as conversas institucionais, as irritações da carreira, as negligencias com a saúde, evitei aquela
conversa zero interessante.
Tudo começa e termina dentro de mim, minha
responsabilidade é responder de forma gigantesca aos estímulos do meu coração e
suportar o desfecho de minha história.
Estava lenta, não sobra energia nem para amar nós mesmos,
o homem da minha vida era um estranho, não consigo expressar a profundidade dos
sentimentos, não tenho entusiasmo, uma verdadeira metamorfose de sentimentos.
Jurei pelos manes de Buda que ia me abrir para o amor, ia
tirar a melhor da situação da conquista, ia ser como as pessoas que sentem e
escrevem sobre as emoções. Havia um tigre sobre este exterior comportado de autossuficiência.
Eu não suportava papo-furado, mas tinha a gentileza de me
envolver em alguns bons debates, sempre achei que fiz por merecer aquilo que
recebi. Depois de casada fui para lua de mel e gostei da experiência.
Ironia mansa é a gente se acostumar sem amor, se
acostumar a viver como se a morte precoce e repentina, não pudesse
aparecer, sem possibilidades de fazer as pazes com o criador, sempre preocupada com os nossos interesses.
Rastreei o problema até suas raízes, fingi empolgação
pela oportunidade de solucionar tudo que me envolvia, eu me achava antiga e
fora de moda, eu não me achava num relacionamento abusivo, no entanto, quando
me abri para o amor, achava que podia perdoar qualquer coisa.
Arcise Câmara
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