Veja o que estou fazendo: comendo, comprando, vestindo,
curtindo e por dentro um vazio que busca encontrar a felicidade que causa
inveja em muita gente, a tática manipuladora para conseguir ser plena.
Eu tenho uma filha que me culpa por tudo, um casamento a
beira do divórcio, uma inveja que assumo que sinto de todas as pessoas felizes
ao meu redor, o meu jeito bonachona que odeio.
Não quero toda essa atenção a mim mesma, estou doente, em
cerca de seis dias chego ao peso desejado, não foi esforço, foi falta de
apetite, eu não conseguia nem levantar da cama, imagina fazer almoço, janta,
comida.
Eu era rígida, não conseguia transar de forma tão despojada,
o passado, passado está, tive alguns falsos começos. Não me sentia totalmente
confortável com a ideia e exibir a minha história para todo mundo eu só queria
me tratar.
A primeira coisa que se faz no fim é refletir sobre o
início, de onde veio essa angustia? Que medo era esse de perder a liberdade? A
convivência foi ficando cada dia mais desgastante, eu estava no Rio de janeiro
de férias e não saía do quarto do hotel.
Para ficar bonita é preciso se sentir bonita, eu tentava
ser compreensiva e tolerante com as pessoas, eu não tinha ego inflado, eu me
censurava muito por muitas coisas, eu não me sentia capaz de ser bela, eu não
me valorizava o suficiente.
Pular fora, sem medo de arrependimento nunca foi a minha
vibe e foi só por isso que não acabei com a própria vida, minha depressão tinha
caráter suicida e eu só rezava para dormir e nunca mais acordar.
Nunca precisei de aprovação, sempre senti coisas boas no
coração, fazia tanto tempo que não via pessoas que me fizeram bem ao longo da
minha existência. No passado eu tinha um corpo bem definido pelos exercícios, mas
perdia a serenidade facilmente.
Eu via de longe quando uma pessoa não é para mim, eu
largava tudo por uma boa conversa. No fim estou aqui pensando muito no passado,
esquecendo o presente e não querendo o futuro. Eu só queria que tudo isso
acabasse de uma vez.
Arcise Câmara
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