Dentro de cada pessoa, há uns
aspectos não aceitos totalmente, pode ser físico ou emocional, pode ter sido
trazido da infância ou recebido na fase adulta, temos muitas realidades
desconhecidas e até contraditórias.
Temos tendências pessoais
inconscientes, às vezes nos vitimamos, outras nos achamos suprassumos, nossa
sombra nem sempre é vista por nós, às vezes projetamos no outro aquilo que está
refletido em nós.
Tudo o que o consciente reprime é
algo que nos incomoda, a projeção às vezes apresenta nossos próprios defeitos e
várias outras coisas que julgamos inaceitáveis, infinitamente ruins ou
aflorando o nervosismo.
Eu me arrumo melhor do que de
costume para vê-lo, eu consigo fingir naturalidade na sua frente, mesmo que por
dentro esteja um turbilhão, às vezes sou ávida para entender o amor e seus
mistérios.
Nunca vi ninguém tão fiel às
discussões de relação, tinha uma sede de colocar pingo nos is, mesmo que os
sentimentos estivessem ancorados em porto seguro ou quando tudo estava
maravilhoso e ele insistia que eu estava me comportando como porra-louca.
Eu ficava fraca, como o Super
Homem ao menor pedaço de kriptonita, eram tantas discórdias por nada, até pelo
batom ou salto alto que eu insistia em usar. A briga iniciava até por coisas
normais.
Passei a falar menos, quanto
menos eu falar, melhor e a afirmação que sempre vinha era: “Você está
diferente”. Fiquei com ar calmo, comecei a entender que não precisava entrar no
joguinho de brigas, ele poderia brigar sozinho e eu me comportar como uma moça
fina.
Eu não amo mais este homem, mas
tinha um apego infinito por ele, uma vontade de dar certo, planos para o
casamento, amor eterno, logo hoje em que tudo parece conspirar contra. Só isso
já me tirava à tranquilidade. Ele era uma espécie de Deus para mim, eu o
idealizei, eu o tornei o máximo, eu ria de suas grosserias e achava que tudo
não passava de brincadeiras.
Eu com minha tendência a ser mãe
dele o tempo todo, eu ficava tão contente quando a gente não estava brigando,
nossa separação foi fundamental para nosso crescimento e amadurecimento, era um
ciclo que precisava se interrompido.
Eu acho que eu estou com a
consciência limpa, consciência de dever cumprido, reconhecendo a dura face de
uma relação que acaba, eu tinha compulsão em tratar bem quem me tratava mal, de
achar que os outros estavam falando a verdade, de ser torturada por uma culpa.
Fui embora sem olhar para trás,
toda vez que a gente se aproximava a gente se machucava, você sempre me acusou
de estragar a relação, eu posso assumir a culpa se isso te faz ir mais rápido.
Só quero te dizer que em nenhum momento eu deixei de gostar de você.
Engordei e aos poucos fui
recuperando minha alma, já estava aprendendo a ser hostil, a achar que boas
relações não existem. Hoje eu sei que sim, eu me separei de você porque te
amava demais e quando a gente ama demais dói muito conviver com quem não nos
valoriza.
Arcise Câmara
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