Eu não sou uma mulher religiosa, mas me arrependo da
ausência de tradições em minha vida, uma delas a disciplina. Para justificar isso
informo que pela milésima vez voltei ao pior peso da vida.
Menina inquieta, que não sente fome, isso mesmo que você
leu, eu deveria ser magrinha-palito porque não sinto fome, mas como com os
olhos, como com o coração, como com a vontade, como porque tem comida em volta,
como por prazer.
Não precisa, não precisa dessa quantidade toda, mas eu
gosto, gosto de pratos cheios, gosto de repetir, gosto da sensação de barriga
tufada, às vezes vomito e passo mal involuntariamente.
Nada disso deveria ter acontecido, mas aconteceu, o
efeito sanfona novamente me pegou, faltou consciência, faltou educação, faltou
bom senso, posso rever na minha memória todos os meus acertos e todos os meus
deslizes conscientes.
Infelicidade afetiva, bora comer, alegria, bora comer,
ajudar os animais, bora comer, se sentir a melhor pessoa, bora comer... Lembro
das coisas que fui capaz antes de adquirir consciência, remédios, shakes,
neurose com a balança.
Eu comia alguma coisa e já me culpava, precisava de tempo
para absorver a minha jaca, a vida era cheia de sacrifícios pessoais e nada fiz
para expandir a consciência. O equilíbrio não tinha importância.
Aprendi a tirar vantagem, fazer as substituições de
maneira esperada, me controlar no casamento deste fim de semana e aprender a
não ser tão inconveniente comigo mesma.
Magra feita um varapau não é meu propósito de vida, nunca
vou desistir de mudar a mim mesma, de me adequarem prol da qualidade de vida,
de parar com as justificativas de agir e de escolher.
Meu corpo deveria ser meu jardim tranquilo, meu mundo
maduro, preciso ser tolerante e rígida ao mesmo tempo para as minhas escolhas
sensatas, preciso sentir prazer em admirar o ceú e contemplar as estrelas, não
num prato de comida.
Preciso me imunizar de tudo que me faz mal,
principalmente das escolhas alimentares erradas.
Arcise Câmara
Crédito de Imagem: Meu Mundo Online
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