Você está diferente, disse ela, e minha amiga disse um
dia antes, “se a relação não sai do lugar, então não é namoro”. Estava
começando a ficar paranoico, era amor não correspondido?
Fazia tanto tempo que não te via, será que eu não
correspondi as suas expectativas? Me senti entorpecido de tanto cansaço e
ansiedade. Ela riu e até encolheu a barriga, sabe-se lá por que.
Se a pessoa não me passa segurança eu já quero pular
fora, refletia sobre o que estava acontecendo e aonde isso ia me levar. Preferi
não contrariar a pessoa, talvez eu não seja uma boa pessoa para constituir
família.
Estava num lugar incrível, às memórias dela me vieram à
cabeça, achei que ela estivesse interessada em alguém, isso me deixou ainda
mais inseguro. Uma conversa que já deveria estar encerrada tem vida própria e
recapitulei cada palavra que ela disse, sem sucesso, embaralhou minha cabeça
mais e mais.
Eu vivia de consumo sustentável, já tinha pensado em
suicídio, ficava com garotas uma vez por semana e quase sempre o assunto
acabava quando eu mais queria que tudo desse certo.
Sempre fui muito seletivo, ficava com qualquer uma, mas
nunca namorei quem me foi muito fácil. Não gostava de “Amor” em troca de nada.
Eu precisava de um contexto, de um ponto de referência.
Pensava antes de reagir e não reagia antes de pensar, estava
na direção certa, relembrava os momentos vividos, algo mais substancial, sem me
importar demais, sem relógio batendo desordenadamente, sem pressa.
Me diverti às pampas, não me colocava no lugar de
ninguém, não me desfiz dos meus sonhos, nunca fechei portas totalmente, amo ser
homem e másculo, um sujeito difícil de aguentar.
O sentido de viver é ir se adaptando, ser atento ao
esforço, reconhecer a bondade e ser grato a Deus, Sem saber como me sentiria
hoje. Tudo está mais intenso, guardava as coisas para mim, minha intenção é me
divertir, dormir bem e perder peso. Não sou homem para casar, não agora.
Arcise Câmara
Nenhum comentário:
Postar um comentário