quinta-feira, 9 de agosto de 2018

A ideia de um grupo de apoio me dava arrepios


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Descartar o orgulho foi o primeiro assunto do dia, o assunto em pauta teve várias reflexões e muito choro, era a primeira vez que alguém me dizia que as minhas atitudes era de alguém orgulhosa e que não dá o braço a torcer.
Não tenho ex-marido, nem filhos para lhe fazer concorrência, sou solitária e talvez por isso tenha entrado no mundo da carência chamado drogas, e com as drogas me veio a adrenalina do risco e a vontade de ganhar dinheiro. Hoje em dia se fala cada vez mais do mundo exterior e bem menos de si mesmos, foi nessa linha que comecei a traficar.
Carente sim, frágil certamente, burra nem tanto. Troquei de carro velho para um carro caro de sete lugares, não vou divulgar a marca, pois não ganhei um centavo de desconto. A concessionária nem quis saber por que estava pagando a vista e de onde vinha à origem do dinheiro, mas aumentou em cinco mil o valor do carro inventando desculpas.
Cometi um erro gravíssimo, cheirar e traficar, você é enganada de todas as formas e isso fez com que eu levasse três tiros para eu me espertar da brincadeira. O vício das drogas é uma doença iniciada por emoções distorcidas.
Tenho medo até de escrever sobre isso, parece um mundo imaginário, ninguém se assume, ninguém quer saber, as pessoas começam a te olhar torto como se de fato você fosse um fracassado.
Eu não uso nada há anos, faz tempo que parei, mas ainda sou uma recuperanda porque a sensação e o barato que eu sentia era muito bom, porém o preço era alto demais, preço de vidas destruídas em overdoses, preços de furtos para ter a encomenda necessária, preço dos tiros e prisões e o preço mais alto de todos que é a dependência de não ser dono da própria existência.
Dizia eu aos meus botões “quero ser livre”, quero meus pais vivos, minha família em segurança, minha vida de volta, quero estar cercada de amigos. Me abstive de algumas coisas em função de outras, mas nada daquilo era justo, certo, bom e verdadeiro.
O grupo de apoio era potente como a força de um raio, um despertar, um segurar a mão, o grupo social movido pelos mesmos interesses, pela ansiedade de não saber explicar como se chegou ao fundo do poço, quem nos meteu ali, um grito de socorro. Foi assim que ressuscitei!
Arcise Câmara


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