Aceitando a ideia de que posso mudar o que procuro, posso
dar o braço a torcer, posso misturar intimidade, paixão e amor romântico, posso
viver em paz sem perder a capacidade de ser gentil.
Posso encontrar o meu caminho, viver por aquilo que
acredito, tratar de não repetir os erros, viver me desafiando a ser uma pessoa
melhor, curtir os feriados religiosos de um estado laico.
Não posso ter medo de ser livre, às vezes acho que as
mulheres pagam o preço mais alto do que os homens pela participação no
trabalho, pelo estresse, privação do sono e esgotamento físico em ter várias
jornadas, posso não sentir saudade de atividades domésticas.
Posso querer ter vínculos de amor que permaneceram mesmo
depois da separação, posso desautorizar o coração a amar novamente, posso me
sentir ridícula com essa mania de fazer coisas sem plateia, sou um bicho
complicado.
Depois do divórcio mudei minhas regras, fui embora sem
convenções sociais, não tive vida paralela como ele, não me importei com
reações negativas, não meditei se ia me arrepender ou se estava “negligenciando”
atitudes de homem.
Não fui cautelar suficiente para evitar a tensão do
relacionamento, mesmo estando em sintonia, eu desisti. Era difícil aguentar
sozinha a responsabilidade de sustentar uma família, era dificílimo ser o “pai machão”,
era cruel deslanchar sozinha para cada projeto de “Eduardo e Mônica”.
Nunca tive domínio sobre nossas emoções, deixei levar
pelas aparências, me identifiquei com a intimidade emocional, admirei o fato
dele saber escrever, casei cedo, fui influenciada pelos contos de fadas, foi
difícil avaliar o resultado catastrófico disso.
Tive um caso amoroso emocional, não real, imaginava que
ele fosse o que jamais seria, fiz chantagem enquanto pude, aquela relação não
me emocionava mais, precisava trabalhar ainda mais e não tinha tempo para
pensar no fim do casamento. Mudei o que procurava e encontrei.
Arcise Câmara
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