quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Abre mão de toda a gama de possibilidades

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Por mais que disséssemos: “gostamos de você”, a depressão não queria ouvir, até o ato de comprar ficou de escanteio, eu estava a par da situação, sabia que a depressão é prima-irmã da ansiedade e do suicídio.
A gente sempre acha que não pode fazer nada além do que já faz, parece incabível ninguém ter fome de viver, parece desnecessário deligar-se emocionalmente e fazer o sopro da vida ficar inexistente.
Briguei, precisava selar as pazes, estava me sentindo com um ar de superioridade, queria dar lições de moral, estava preocupada em processar que não devemos virar as costas e ir embora.
As mulheres valorizam a intimidade emocional, as mulheres tem mais depressão que homens, as mulheres cometem menos suicídios. Homens cometem por desesperos financeiros ou ciúmes, mulheres por doenças ou por qualquer coisa. Ambos doentes na alma.
Não é uma forma de vida ser infeliz, não é uma prática diária da arte de viver saber lidar com as emoções... A vida é sua, mas as consequências são de todos nós. A gente se trai quando afirma isso com todas as letras, fica um pouco insustentável quando percebemos que nenhum relacionamento nos dá o amparo emocional para continuar vivendo.
Não existe compromisso ou o comprometimento, a sensação não é a mesma, ninguém fala que é proibido se matar, ninguém consegue dar ordens ao nosso imaginário, somos individuais nas decisões.
Parecia que eu estava sob escolta policial, uma sensação de alerta intermitente, inquietações que me faziam mudar as táticas, eu deixei de amar, deixei de admirar, te reconheço doente, me importo, mas não posso ser sua muleta.
Quando o compromisso e a intimidade estavam presentes parecia tudo mais fácil de contornar, agora tudo parece pena, compaixão, não pareço superfofa ou mão-aberta, sou dependente, controladora e dominante. Sou a tua salvação e isso mexe demais com a minha cabeça.

Arcise Câmara

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