Faz parte da nossa natureza ter inúmeros
papeis ao longo da vida, a gente às vezes tira o valor de quem nos cerca,
desiste de mudar o mundo, se tranca em muros altos com tijolos.
Somos absolutos à vista de todo mundo, temos
métodos cada vez menos ortodoxos para nos relacionar quando o assunto é
divergente, perdemos a chance de reverter a situação, somos descobertas com
muita irritação e pouco fino trato.
Hoje não
consigo me imaginar dormindo pouco, tenho necessidade de sono, detesto me
enganar, saio ilesa quando ofendo e viro as costas, nem sempre tudo está sob
controle, estamos muito felizes e de repente tudo desaba.
Aprendi a sentar budicamente com os pés
cruzados, evito a responsabilidade de ficar culpando alguém, ou alguma coisa,
pela situação, muito menos a mim mesma, usufruo meu livre-arbítrio, mas não sem
achar que isso é resposta para tudo.
Aquela mágoa sou eu, aquele sorriso sem graça
sou eu, aquela pessoa que se perde nas palavras, sou eu, aquela que fala o
tempo todo, também sou eu, aquela que se sente à vontade em lugares onde os
outros não se sentiriam sou eu.
Tento rir de quase tudo, tento não insistir
nas possibilidades românticas, tento não aguentar abusos, tento descobrir minha
identidade todos os dias, tento pagar a conta pelos meus erros, tento repensar
as relações.
Estava na hora deu deixar de se imprudente,
ingênua, arrogante. Preciso usar a liberdade com a maturidade necessária,
preciso ser atenta as minhas necessidades, evitar ser perna de pau e chutar pra
fora, acabar com os julgamentos automáticos de ricas demais para ele, feias
demais para ele, chata demais para ele.
Uma menina de dezoito anos de idade não pede
para ter problemas, mas acaba engravidando sem que o namorado queira ser o pai
que assume compromisso com o filho, então aquela história muda a vida da menina
e ela se reinventa com forças.
A gente às vezes vira instrumento de manipulação
que assombram o mundo, as mulheres se tornam mulheres na marra, a gente entende
que não precisamos convencer o mundo inteiro, a gente só precisa convencer a si
mesmo.
Eu queria expressar gratidão por todos
aqueles que lutam por um mundo melhor, pelos que não abaixam as orelhas e
defendem sua posição sendo sábios, as pessoas fisicamente mais resistentes e
aquelas que sabem que bens materiais não é tudo.
Eu queria expressar que não precisamos de certas
amizades e ambientes que os erros nos ensinam o caminho dos acertos, que pagar
a conta de luz muda a forma como nos relacionamos, nos dá responsabilidades e
que a produção independente para quem levou um chute no emocional ajuda a nos
tornar fortes.
Eu queria expressar que não suporto passividade,
mas também não é boa a agressividade. O equilíbrio e a cabeça aberta ajudam na
liberdade de fazer aquilo que desejamos e falar o que quisermos sem nos
desrespeitarmos.
Arcise Câmara
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