quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Para cada escolha existe um resultado


Eu distorcia a percepção de mim mesma, eu não me aceitava como eu era. Eu não compreendia as lutas de vida, as desigualdades e injustiças, os triunfos de alguns e as inconformidades de outros.
O universo nos dá tudo, ele agradece o que fazemos de bom e nos pune ao que fazemos de ruim, eu sempre gosto de levar certas coisas até o fim, gosto de criar laços indestrutíveis, não gosto da imprudência que gera perigos, nunca luto contra as pessoas, luto por elas.
Tem gente que não pensa nas consequências de seus relacionamentos, tem gente que foge da paz e da felicidade, tem gente que desencanta rápido, que curte provas de amor e gosta de certas loucuras.
Tem gente que valoriza a ilusão, sempre chagam a conclusões precipitadas, sempre estão próximos da mais alta tecnologia e tem pouca sensibilidade para os sentimentos profundos.
Em alguma fase da vida você se entrega para quem não te dá valor, em alguma fase você fica imediatista, em alguma fase você desenvolve o seu mundo interior, seu carisma e suas forças sobrenaturais.
Repenso conhecimentos e revejo crenças a cada dois anos, aceito minha temporalidade existencial, observo os lobos em pele de cordeiro, erro quando penso que ter casa, formar uma família é sinônimo de viver bem.
Nós nos casamos de papel passado, aquilo não ia acabar bem quando percebi que só quem tinha fé no relacionamento era eu. Nosso amor morreu cedo, não fisicamente, o sexo continuava incrível, a atração era fenomenal, mas havia morrido emocionalmente.
Ficamos tristes e abalados ao descobrir esses aspectos negativos das nossas escolhas, o planeta cheio de oportunidades e a gente desmerecendo um ao outro. Por várias vezes me perguntei “O que está acontecendo?”.
Quem ama não ofende e nem faz chorar, isso nasceu, cresceu e se criou comigo, sempre tive personalidade autêntica, sou mortal e vivo cada dia como se fosse eterno, com lágrimas nos olhos, por vezes refém do medo, às vezes com necessidade de afirmação, porém com muita doação.
Passamos por dificuldades financeiras, exigimos perfeição um do outro e tudo parecia errado, havia uma distância entre nós bem maior do que uma traição. Não tínhamos piedade nas palavras, ambos estavam seguros demais. Nossa afetividade foi pelo ralo, eu estava fatigada pelas migalhas de atenção que meu marido superocupado me dispensava.
Estava ali diante da minha segunda chance, era meu segundo casamento, na minha cabeça tumultuava conflitos, nessas horas eu gostaria de ter serenidade, gostaria de encarar os desafios me dado.
A hostilidade entre nós já existia, nos desconectamos das coisas práticas como o diálogo, eu me sentia tão só que pensei até em comprar um cachorro, mas estava deprimida e orgulhosa demais para admitir o quanto estava sofrendo de solidão.
Ele não era observador, não sabia lidar com meus pensamentos, eu sou muito agitada, eu tinha mais momentos ruins do que bom e sabia que isso não é amor, não era um bom sinal.
Eu economizava dinheiro e passei a economizar sorrisos e amabilidade, dava até medo perceber em quem me transformei. Eu me sentia a pessoa mais omissa do mundo, eu não podia ou não queria demonstrar o meu amor, demonstrar sentimentos.
Ele dormiu fora de casa, à falta de notícias deve ser um sinal de que nada grave aconteceu, eu tinha dado um gelo antes, mas nunca ele tinha agido daquele jeito. Havia perdido a capacidade de encarar os nossos problemas.
Eu tinha medo de parecer ingrata, vivia com sono atrasado, eu não tinha inspiração nenhuma para ser uma mulher atraente, feliz, de bem com a vida. Estava tudo muito sujo, até o ciúme vem quando nos sentimos ameaçados, em decadência, Estava me sentindo emocionada e pronta para dilatar o próprio coração.
Arcise Câmara


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