Aprendi a
conviver bem, a respeitar os outros, a não me levar pelas aparências. Eu não
usava aliança no dedo, apesar de me sentir casada por inteira. Ali ou acolá a inveja
rondava, eram alfinetadas de todas as ordens de quem acreditava que eu fingia
felicidade.
Segundo os
plantonistas eu precisava de um pouco de vida social e ainda de tratamento
psicológico por ter conquistado muitas coisas com facilidade, na opinião de
muitos o meu jeito caloroso era apenas artificial.
O mundo é
maldoso, julgador, preconceituoso, nem sempre eu dava de ombros, muitas vezes
me incomodava saber que na opinião das pessoas eu ter casado com um executivo
lindo de morrer não estava ao meu alcance, inalcançável ainda mais era ele me
amar e sermos felizes.
A vida tomou
os rumos de tudo o tempo todo, sofri por amor como qualquer pessoa, escolhi
errado, até que me senti elogiada e amada, eu sei que é perigoso negligenciar um
casamento com sucesso financeiro e posição social, mas na minha opinião amar e
ser amada é sempre fácil.
Sou
radicalmente contra o aborto, ele também, optamos por não ter filhos, ainda sou
fértil biologicamente, mas minha cabeça entrou na menopausa há pelo menos cinco
anos.
Choramos
juntos quando a nossa relação precisa aliviar a tensão, não somos adeptos ao
ciúme e podem falar que é falta de amor que não estamos nem aí. As mais
variadas situações pelas quais passamos conseguimos resolver de forma que ambos
ficássemos satisfeitos
Estou
aprendendo alguma coisa todos os dias, apoio, deixar pra lá o que os outros
dizem, acalmar o coração, declarações mútuas de amor romântico, fraterno,
familiar, individual, humanitário...
Ele me
conheceu e gostou de mim assim, ele sobreviveu aos meus defeitos, eu era dura
em relação a mim mesma, ele me fez entender a preciosidade que era o meu ser
como um todo. Estar com ele é evaporar as horas.
Chego em
casa com um ou outro presentinho, é fácil agradar quem te trata bem todos os
dias, ele nunca teve vergonha de mim por estar acima do peso, eu nunca duvidei da
minha capacidade de amar, ele sempre enxergou os seus defeitos e não os meus.
Ele é
predominantemente mais bonito, mais educado, charmoso, boa conversa. Ele é sempre meu ponto de partida para qualquer
debate, ele não se importa se eu falo alto, eu jamais desistirei dele.
O amor é
distorcido, os ensinamentos que nos passam é que eu preciso merecer, falta autoconfiança
de que as coisas vão dar certo, ao seu lado nunca tive a sensação de vazio que
me atormentava em outras relações.
Apesar da
decepção rotineira de ambos, continuamos a nos amar infinitamente, apesar dos
erros somos parcialmente em favor do outro, a afinidade que nos une é eterna.
Não somos de
compras, achamos dignos viver a vida sem excessos, não hesitamos em apontar os
erros para que a nossa relação não venha a ser um faz de conta, onde eu finjo
que não me atinjo pelas imperfeições do outro, ou ainda, que finjo ser feliz.
Nosso amar
não se trata apenas de uma questão emocional, é escolha, é decisão, é entrar na
estrada para nunca mais voltar, é não conseguir se libertar por puro sentimento
agradável. Não seguimos posturas defensivas nem a tendência de se justificar
culpando o outro, acho que nosso amor é um progresso científico.
Alguns têm
pena de mim, tentam me maltratar com discurso de deslealdade, que a reação dele
em ser maravilhoso é fruto de infidelidade, radicalizam que duas pessoas não
possam se amar de verdade.
Hoje preciso
de coisas que não precisava antes, hoje preciso de bens não compráveis, preciso
de planos, de estar aberta em mim mesma, de não ser egoísta. A rotina me
equilibra, as fortes emoções me encantam, tenho vontade de ser boa para o mundo
porque o mundo foi bom para mim, não que tudo seja perfeito, mas conseguimos
controlar todos os obstáculos.
Arcise
Câmara
Imagem We
Heart It
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