Tem gente que nunca vai saber o que é esse
sentimento chamado amor, tem gente que vai além do vínculo emocional, faz a
gente viver uma história particular, um conto de fadas.
Estava super estressada com os últimos
acontecimentos, estava presunçosa, indignada, sem direção e com muita
sinceridade em agredir e magoar. Estava sem ter direito de defender a própria
vida.
Era um ataque a minha credibilidade, uma influência
até certo ponto, um status, uma imagem social. Queria me sentir importante, não
tinha tempo para ele e muito menos para mim.
Ele cuidava de mim, ele tinha a capacidade de
fazer as pazes, ele me amava e eu sentia isso, mas um dia ele perde o interesse
e vai embora, eu fiquei sem cor, sem vigor, sem esperança.
Passei a discutir a relação sozinha, deixei
de atazaná-lo, os meus pais pediam uma explicação, eu acabara de ficar sozinha
sem saber muito bem o que estava acontecendo.
Enchi meu corpo com endorfina, ele foi o
melhor acontecimento da minha vida e agora estava destruindo a minha vida. Eu
era contra a traição até que trai, então me dei um milhão de justificativas.
A gente em casa falava de tudo: liberdade,
responsabilidade, comportamento e consequências, o casamento nos dá
oportunidades de lutar juntos, eu não queria perdê-lo de jeito nenhum, mas foi
inevitável.
Eu me irritava com a ideia de alguém se achar
meu dono, querendo mandar até nas minhas amizades, nos meu jeito de fazer as
coisas na cozinha, no me jeito carinhoso com os amigos. Quando um homem ama
outra mulher desinteressa pelos filhos, quando uma mulher ama outro homem ela
se interessa muito mais pelos filhos.
Passei a vida vivenciando relacionamentos
frustrantes, achava o diagnóstico absurdo: orgulho ferido. Tentei proteger-me
desse piripaque, desse sentimento de inferioridade e insegurança eu que sempre
fui uma amante da lógica.
Muitas pessoas só valorizam quando perdem, eu
estava nessa estatística, o tempo passa e as pessoas esquecem eu jamais
esquecerei o quanto não fui honesta , o quanto me deixei envolver pelo amor ao
dinheiro, o quanto deixei de estabelecer um vínculo emocional.
Sentia-me relativamente equilibrada, precisava
acreditar que estava sempre certa, eu tinha a necessidade neurótica de me
sentir útil e reconhecida, eu faria qualquer coisa, qualquer coisa, para tê-lo
de volta.
Homens não perdoam traição como as mulheres,
homens gostam do que é bom, do que vira rotina, do que é confortável, gostam do
que não causa surpresas desagradáveis.
Ele estava lá, mas eu não percebia, ele era
um pai maravilhoso, comprometido com a família, mas cometia os erros comuns de
deixar nossa relação morna, com a honestidade suficiente para poupar elogios.
O compromisso nos leva a prova definitiva, a
traição faz sofrer uma família inteira, traz vergonha, indignação, revolta. Ele
pôs a minha mala na porta do elevador, mudou meu estilo de vida para sempre.
Estava cansada demais para pensar nisso, eu
queria me tornar um ser humano melhor, sem o aperto no coração, sem o medo do
que as pessoas iam pensar, uma vontade de chorar me invadiu por dentro.
Enxergar as coisas como elas são foi duro, não
entrava mais em embates com facilidade, as lágrimas aumentam, o amor se torna
mais nobre, pratiquei esporte, dormi bem, nutri-me das melhores intenções, mas
a dura verdade é que ele não me perdoou.
Arcise Câmara
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