sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Essa é a parte que me cabe


Tem gente que nunca vai saber o que é esse sentimento chamado amor, tem gente que vai além do vínculo emocional, faz a gente viver uma história particular, um conto de fadas.
Estava super estressada com os últimos acontecimentos, estava presunçosa, indignada, sem direção e com muita sinceridade em agredir e magoar. Estava sem ter direito de defender a própria vida.
Era um ataque a minha credibilidade, uma influência até certo ponto, um status, uma imagem social. Queria me sentir importante, não tinha tempo para ele e muito menos para mim.
Ele cuidava de mim, ele tinha a capacidade de fazer as pazes, ele me amava e eu sentia isso, mas um dia ele perde o interesse e vai embora, eu fiquei sem cor, sem vigor, sem esperança.
Passei a discutir a relação sozinha, deixei de atazaná-lo, os meus pais pediam uma explicação, eu acabara de ficar sozinha sem saber muito bem o que estava acontecendo.
Enchi meu corpo com endorfina, ele foi o melhor acontecimento da minha vida e agora estava destruindo a minha vida. Eu era contra a traição até que trai, então me dei um milhão de justificativas.
A gente em casa falava de tudo: liberdade, responsabilidade, comportamento e consequências, o casamento nos dá oportunidades de lutar juntos, eu não queria perdê-lo de jeito nenhum, mas foi inevitável.
Eu me irritava com a ideia de alguém se achar meu dono, querendo mandar até nas minhas amizades, nos meu jeito de fazer as coisas na cozinha, no me jeito carinhoso com os amigos. Quando um homem ama outra mulher desinteressa pelos filhos, quando uma mulher ama outro homem ela se interessa muito mais pelos filhos.
Passei a vida vivenciando relacionamentos frustrantes, achava o diagnóstico absurdo: orgulho ferido. Tentei proteger-me desse piripaque, desse sentimento de inferioridade e insegurança eu que sempre fui uma amante da lógica.
Muitas pessoas só valorizam quando perdem, eu estava nessa estatística, o tempo passa e as pessoas esquecem eu jamais esquecerei o quanto não fui honesta , o quanto me deixei envolver pelo amor ao dinheiro, o quanto deixei de estabelecer um vínculo emocional.
Sentia-me relativamente equilibrada, precisava acreditar que estava sempre certa, eu tinha a necessidade neurótica de me sentir útil e reconhecida, eu faria qualquer coisa, qualquer coisa, para tê-lo de volta.
Homens não perdoam traição como as mulheres, homens gostam do que é bom, do que vira rotina, do que é confortável, gostam do que não causa surpresas desagradáveis.
Ele estava lá, mas eu não percebia, ele era um pai maravilhoso, comprometido com a família, mas cometia os erros comuns de deixar nossa relação morna, com a honestidade suficiente para poupar elogios.
O compromisso nos leva a prova definitiva, a traição faz sofrer uma família inteira, traz vergonha, indignação, revolta. Ele pôs a minha mala na porta do elevador, mudou meu estilo de vida para sempre.
Estava cansada demais para pensar nisso, eu queria me tornar um ser humano melhor, sem o aperto no coração, sem o medo do que as pessoas iam pensar, uma vontade de chorar me invadiu por dentro.
Enxergar as coisas como elas são foi duro, não entrava mais em embates com facilidade, as lágrimas aumentam, o amor se torna mais nobre, pratiquei esporte, dormi bem, nutri-me das melhores intenções, mas a dura verdade é que ele não me perdoou.
Arcise Câmara


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