Você só tem
duas alternativas, ou resolve amá-lo apesar das falhas ou deixa de amá-lo. Não
sei quantas vezes desisti de amar, eu me chateava em dar opinião, ele se tornou
exímio em críticas, eu passei a só dar opinião se fosse solicitada.
Quando eu
resolvi terminar acabei me livrando de um peso imenso e abri caminho para
construir uma vida melhor. Não chorei, não briguei, não demonstrei tristeza,
não dei motivos, não justifiquei, não senti pena, não desconstruí suas
qualidades que ficaram dentro de mim, não fiquei brava. Eu só resolvi terminar
para voltar a ser quem eu sempre fui.
Eu fui a
pessoa mais forte que eu conheço, eu decidi não vou mudar minha forma de ser,
eu apenas pedi a Deus que abençoasse o meu novo caminho, eu tinha me organizado
mentalmente para ser feliz nesse relacionamento, mas infelizmente a gente não
consegue programar certos acertos na vida.
O dia estava
lindo, eu me sentia bela, linda, sofisticada, cheia de atitude, eu queria ir
comigo ao infinito, eu estava fascinada por viver minha vida de forma única,
sem contemporizar tanto, sem ser doadora demais. Chega de sofrer por um homem
que não sabe valorizar a mulher que tem.
Faltava
paixão, sobrava interferência na minha vida, por vezes avancei com a ideia de
terminar, outras recuei, me perdia em promessas, desviava com as esperanças,
batia uma moleza de começar do zelo, eu estava me fechando nas buscas parecia
mais cômodo ser uma infeliz na zona de conforto.
Só lamento
que tenha demorado tanto tempo para me libertar, tudo havia acabado há muitos
anos, não havia sensação de bem estar, nada mais era interessante e divertido,
era inútil a insistência.
Eu tentava
relembrar aquela moça bonita e segura que era eu, as tantas coisas que
detestávamos um no outro, eu preferia a companhia do livro a dele, eu me
permitia chorar escondido. Eu também errei bastante, eu agia de uma forma
específica para moldá-lo e transformá-lo, acho que eu tinha transtorno bipolar.
O engraçado
é que eu conhecia os fatos, eu não vivia na ilusão, eu entendia seus presentes
excessivos, eu percebia a vontade de brigar espocando nas veias, eu sempre
achei que a fidelidade é uma obrigação de ambas as partes, mas me fingia de
cega.
Sua atitude
foi nobre o que me deixou aliviada. Ele não implorou, não me desejou mal, não
forçou, não foi absolutamente agradável e incentivador, mas demonstrou plena
consciência que eu estava agindo certo diante de tanto equívoco na relação.
Ele jamais
brigaria por mim, apesar de ter me confessado que se deixou acreditar no pra
sempre, fez um “mea culpa” e disse ter sido egoísta. Ele tinha um amor por Deus
inabalável, mas não sentia amor pelas pessoas, elas eram muito idiotas e
preconceituosas, cheias de arrependimentos e isso não o admirava.
Tenho medo do
ego dele explodir, tenho pavor por ele não saber lidar com os acontecimentos,
penso que um dia ele possa se comprometer com ele mesmo, enfrentar os desafios,
vencer os obstáculos, acreditar que vale a pena se sacrificar por quem se ama.
Tudo tem
solução, tudo tem seu cheiro, seu modo de ver o mundo, sentir eu mesma depois
de muitos anos foi no mínimo libertador, é melhor calar para não chorar. Uma
coisa eu tenho certeza dessas incertezas da vida, nós nunca vamos nos unir
novamente, nós não combinamos, não defendemos os mesmos interesses, nada nos
pertence, nem as filosofias espirituais.
O lero-lero
de casal precisa de conteúdo, demonstrar essência, fazer feliz, eu sou de um
temperamento que só faço coisas que me deixam bem, o meu maior tesouro é me
sentir livre, o milagre da liberdade infelizmente só é conquistado por poucos.
Nos beijamos
no rosto com todo amor que sempre desejei viver, com o carinho do desejo de
felicidade, com a inteligência simples e sincera de resguardar a pouca coisa
boa que nos restou, que o lado mau nunca ofusca o lado bom.
Por várias
vezes eu disse uma coisa e fiz outra, ou ainda, me doei de forma limitada,
pouco admirável e nada nobre, deixei no ar que não havia nada a ser mudado em
mim e pago o preço das minhas escolhas porque nessa relação nenhum dos dois
quis mexer um músculo sequer para fazer o outro feliz, para tentar o encaixe.
Arcise
Câmara
Imagem We
Heart It
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