Em igualdade de condições você é a sua
escolha preferida, o seu corpo sente e escuta tudo que você faz, ele altera a
sua forma se assim você permitir. Muitos falam de resiliência, mas não têm a
mínima capacidade de suportar estresses, rejeições, críticas, escolhas na
hora de comer.
Talvez haja relacionamentos partidos em sua
vida, não coloque comida a mais no seu prato por causa disso, talvez seu coração
precise ser restaurado, não é motivo de comer mais, talvez pequenas malfeitorias
precise de perdão, talvez você esteja prisioneiro do ódio, da vingança e de
tudo que mancha a alma e o coração, mas não coma a mais por causa disso.
Sinto que minha cabeça e meu corpo somos
totalmente incompatíveis, sempre fui comilona, sempre misturei comida e
sentimento, a única diferença é que eu me movimentava mais.
Agredi meu corpo com aquele chocolate após a
frustração, com a extravagância de repetir uma comida deliciosa, com a
liberdade de comer mais, com um rumo quase sem volta.
Precisava ser verdadeira nos sentimentos, ser
uma profissional controlada, aprender a me reinventar, me unir a bons motivos
para manter-me focada na saúde.
Abri mão de mim mesma muitas vezes em função
do outro, dei alguns passos com impulso, comi por ansiedade, comi por
irritação, comi para me acalmar, comi para seguir em frente.
A comida morava na minha mente, terminava de
comer e já salivava pela próxima refeição, era um jogo de prazer, uma razão
para viver, uma desistência silenciosa e inconsciente.
As pessoas falavam o que queriam, eu havia
estragado meu corpo, era a menina de rosto bonito, ninguém se colocava no meu
lugar, sei que queria alguém para colocar a mão na minha cabeça, mas eu arriscava
meu coração cada vez que a balança subia mais um pouco.
Criei expectativas de perfeição, dessa vez
não ia parar, eu ia começar sem desistir, existiriam tropeços, cansaços,
ofensas, ódio, culpa, recomeço, ressentimento, existiria um estilo de vida torto
com pausas e férias, mas criaria um hábito, uma consciência, um momento
consciente e eterno causado pelo bem-estar, pela serotonina.
Já senti vergonha, já perdi forças, já
enfrentei situações muito mais difíceis, já conheci verdades muito mais
doloridas e estridentes do que um “não, obrigada! Estou satisfeita”.
Arcise Câmara
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