Aproveito para homenagear todos os pais,
contando mais um pouco as histórias do meu.
Papai é um homem ingênuo, de bom coração, que
atualmente promove sua qualidade de vida caminhando quase correndo todos os
dias. Papai sempre viveu em busca de fazer as pessoas felizes, conversa com um,
ajuda outro, tenta a todo custo tirar o Davi das drogas: “Davi, Davi, teus
amigos ou estão presos ou morreram, muda de vida enquanto é tempo”, diz ele.
Um dia papai me contou que quando teve a
primeira filha, a realidade profissional dele mudou, ele por mais que
continuasse a fazer horas extras ou trabalhar um pouco mais, seu trabalho
deixou de ser a sua prioridade, mesmo que ele tivesse uma família mais
numerosa.
Sempre repetiu diversas vezes que a gente tem
que ser lembrada pelas coisas boas que faz. Hoje percebo que o papai quer viver
mais e melhor, quer dar e receber energias positivas, é mais disciplinado,
ajuda no esporte, tem mais qualidade de vida, mas continua teimoso, muito
teimoso.
Ele se alegra mais em dar a receber e se
contenta com muito pouco, não curte troca de relógios, nem precisa ter muitas
camisas ou sapatos, praticamente só compra outro quando um já se foi e não
adianta dar excessos para ele, pois ele sempre destina aos mais necessitados.
Sempre foi um aluno exemplar, tinha que
estudar o triplo dos outros dizia ele, era estudante de escola pública precária
e precisava se esforçar bastante para conseguir tudo na vida.
O papai às vezes julga, ele não se conforma
com a A que abandonou a família ou com o B que maltrata a própria mãe idosa e
acaba se intrometendo na vida alheia.
Quando éramos pequenos negociávamos tudo em
beijos, os beijos estalados nas bochechas do papai eram nossa moeda de troca,
cem beijos era o passaporte para o cinema com pipocas, cinquenta beijos, um
banho de rio, trinta beijos a gente podia ir para o aniversário do amiguinho
vizinho...
Há pessoas que mesmo errando não aprendem,
papai aprendeu com cada erro, com cada não, com cada sim, com cada pessoa que o
ajudou a sair de uma vida miserável, o seu amor para com os pobres e
necessitados é pura gratidão.
Ele não é de deixar as coisas fora do lugar e
ajuda a mamãe limpando e guardando tudo além da paixão por cozinhar, coisa que
ele faz muito bem.
Papai chora, nunca escondeu seu choro, nunca
tentou ser forte quando se sentia fraco, nunca se conformou com injustiças,
nunca segurou raiva ou irritação, mas sabe lidar com suas frustrações sem ser
um terremoto (às vezes um terremotinho).
Não é de faltar compromissos, nem por
discordância, nem por motivos tolos, sua vida é intensa, feliz, completa, cheia
de eventos e festas, flashes e sorrisos.
Ele anda rápido, tem pressa, decide baseado
naquilo que vê e entende, segura e guarda as ofensas para si, faz caridade sem
achar que está perdendo algo, sem desconfianças, sempre com a alma livre.
Quase sempre o chamo de “cara de pau”, ele me força a fazer caridade quando diz 100 meu,
100 teu, 50 meu, 50 teu, 30 meu, 30 teu, é incapaz de ajudar me deixando de
fora.
Gosto de passar meus momentos ao seu lado,
gosto de saber notícias e aventuras do passado, do cochichado com seu neto
caçula, gosto de saber que a longevidade dele depende, em grande parte, do
estilo de vida que ele vem escolhendo.
Papai nunca nos reprimiu por tratarmos ele de
igual para igual, não existe formalidade no nosso amor e na nossa amizade, não
cedo aos seus caprichos por ele ser meu pai, temos as mesmas preferências e
necessidades, temos nossos momentos memoráveis, somos cada vez mais lúcidos e
amigos, somos felizes e apaixonados, há amor em cada canto da nossa convivência
e o que nos une são nossos laços imateriais e eternos.
Pai eu te amo, peço a Deus saúde e
longevidade pra ti.
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