Tudo começou com
um flerte, aquela sensação maravilhosa de que seríamos felizes para sempre,
pensamos logo me casamento, pois tudo era ótimo demais e não havia porque não
casar com brevidade e chamar os bons amigos para a cerimônia.
Somos um casal
sem filhos, somos afetuosos e cuidamos um do outro. Não precisamos discutir
sobre educação e tolices de filhos ou andar em lados opostos quando o assunto é
cuidar de crianças.
Era provável que
eu tinha encontrado o homem certo para um relacionamento duradouro e feliz
antes de me acostumar com as lágrimas de falta de apoio emocional quando não
pensávamos igual. Quando isso acontecia tinha que ser do jeito dele sempre, ele
era o chefe de família mesmo eu querendo ser companheira e não subordinada.
Quanto mais
convivo mais meu coração se torna infeliz. Eu comecei a ser caluniada, receber
assédios psicológicos de que sou culpada por tudo de mal que acontece e que ele
não tinha encontrado a pessoa certa.
Eu tinha uma
grande deficiência afetiva de pai, mãe, irmãos, avós, colegas de trabalho,
lutei muito para ser aceita e nunca fui seletiva com as pessoas em minha volta,
eu amava pessoas sorridentes e bonitas, machos alfa me davam a sensação de alma
gêmea. Gente normal também me encantava, sempre fui assim a garota popular
cheia de possibilidades, mas que não conseguia distinguir o que fazia bem e o
que fazia mal.
Ele era uma
pessoa especial, o par perfeito, eu sonhava em sermos felizes para sempre, eu
tinha a capacidade de lidar com conflitos, porém não tinha uma resposta
definitiva para cada mudança de ideia, eu tinha que me esforçar muito para o
relacionamento ser perfeito.
Nada de
compartilhar o trabalho doméstico, é papel da mulher agradar o marido e mesmo
que discordasse fazia tudo o que era necessário, assim com uma boa base de
cumpra o que eu acho de relacionamento conquistei meu primeiro e único amor.
Tínhamos alguma
segurança financeira, assalariados, porém estáveis, ríamos juntos dos excessos
e tínhamos tempo de sobra para nós mesmo que eu não recebesse ajuda suficiente
nas atividades domésticas, eu tinha uma família problemática discutida
inclusive no divã.
Nossa vida
sexual é de boa qualidade, não mudei muito, não exagero nos mimos, fico em
silêncio e concentro minhas energias em fazê-lo realizado, mesmo quando ando
preguiçosa, acho desleal mais uma vez o homem mandar no sexo sem ouvir se a
parceira se sente confortável ou não.
É estranho ter a
sensação de coração partido quando ainda se está dentro da relação, talvez o
marido mude de ideia antes de virar ex ou está tudo certo mesmo e eu não sou o
que ele pensava e nosso Amor não será eterno, mesmo o amor sendo moralmente
questionável antes, durante e depois de um rompimento.
Cada vez menos
casamentos se sustentam, principalmente entre pessoas críticas que vivem
implicando com aspectos que você não pode mudar com facilidade como seu tom de
voz. Eu acho que eu me deixei roubar, acho que não fiz escolhas e sim fui
escolhida, acho que o medo de ficar só me dominou, acho que posso terminar um
relacionamento sem sofrer tanto, sem me autopunir.
Sou
compromissada com as coisas que acredito, mas antes disso devo ser
compromissada com o que me traz felicidade, o que mantém minha saúde em dia e o
que me dá mais tolerância aos contratempos da vida.
Sei que isso não
se faz, sei que ando impaciente, sei que talvez não esteja dando valor a quem
tenho pertinho de mim, talvez me agrade a ideia de buscar alternativas por aí
sem precisar recorrer a infidelidade.
Queria ter como
melhor amigo meu parceiro, queria poder morar com ele para sempre, queria
compromisso cheios de acontecimentos felizes, quero uma família, intimidade e
confiança não apenas um marido.
Arcise Câmara
Imagem: Encontro Diário
Nenhum comentário:
Postar um comentário