quinta-feira, 23 de julho de 2015

Casada, porém não muito satisfeita com o relacionamento


Tudo começou com um flerte, aquela sensação maravilhosa de que seríamos felizes para sempre, pensamos logo me casamento, pois tudo era ótimo demais e não havia porque não casar com brevidade e chamar os bons amigos para a cerimônia.
Somos um casal sem filhos, somos afetuosos e cuidamos um do outro. Não precisamos discutir sobre educação e tolices de filhos ou andar em lados opostos quando o assunto é cuidar de crianças.
Era provável que eu tinha encontrado o homem certo para um relacionamento duradouro e feliz antes de me acostumar com as lágrimas de falta de apoio emocional quando não pensávamos igual. Quando isso acontecia tinha que ser do jeito dele sempre, ele era o chefe de família mesmo eu querendo ser companheira e não subordinada.
Quanto mais convivo mais meu coração se torna infeliz. Eu comecei a ser caluniada, receber assédios psicológicos de que sou culpada por tudo de mal que acontece e que ele não tinha encontrado a pessoa certa.
Eu tinha uma grande deficiência afetiva de pai, mãe, irmãos, avós, colegas de trabalho, lutei muito para ser aceita e nunca fui seletiva com as pessoas em minha volta, eu amava pessoas sorridentes e bonitas, machos alfa me davam a sensação de alma gêmea. Gente normal também me encantava, sempre fui assim a garota popular cheia de possibilidades, mas que não conseguia distinguir o que fazia bem e o que fazia mal.
Ele era uma pessoa especial, o par perfeito, eu sonhava em sermos felizes para sempre, eu tinha a capacidade de lidar com conflitos, porém não tinha uma resposta definitiva para cada mudança de ideia, eu tinha que me esforçar muito para o relacionamento ser perfeito.
Nada de compartilhar o trabalho doméstico, é papel da mulher agradar o marido e mesmo que discordasse fazia tudo o que era necessário, assim com uma boa base de cumpra o que eu acho de relacionamento conquistei meu primeiro e único amor.
Tínhamos alguma segurança financeira, assalariados, porém estáveis, ríamos juntos dos excessos e tínhamos tempo de sobra para nós mesmo que eu não recebesse ajuda suficiente nas atividades domésticas, eu tinha uma família problemática discutida inclusive no divã.
Nossa vida sexual é de boa qualidade, não mudei muito, não exagero nos mimos, fico em silêncio e concentro minhas energias em fazê-lo realizado, mesmo quando ando preguiçosa, acho desleal mais uma vez o homem mandar no sexo sem ouvir se a parceira se sente confortável ou não.
É estranho ter a sensação de coração partido quando ainda se está dentro da relação, talvez o marido mude de ideia antes de virar ex ou está tudo certo mesmo e eu não sou o que ele pensava e nosso Amor não será eterno, mesmo o amor sendo moralmente questionável antes, durante e depois de um rompimento.
Cada vez menos casamentos se sustentam, principalmente entre pessoas críticas que vivem implicando com aspectos que você não pode mudar com facilidade como seu tom de voz. Eu acho que eu me deixei roubar, acho que não fiz escolhas e sim fui escolhida, acho que o medo de ficar só me dominou, acho que posso terminar um relacionamento sem sofrer tanto, sem me autopunir.
Sou compromissada com as coisas que acredito, mas antes disso devo ser compromissada com o que me traz felicidade, o que mantém minha saúde em dia e o que me dá mais tolerância aos contratempos da vida.
Sei que isso não se faz, sei que ando impaciente, sei que talvez não esteja dando valor a quem tenho pertinho de mim, talvez me agrade a ideia de buscar alternativas por aí sem precisar recorrer a infidelidade.
Queria ter como melhor amigo meu parceiro, queria poder morar com ele para sempre, queria compromisso cheios de acontecimentos felizes, quero uma família, intimidade e confiança não apenas um marido.
Arcise Câmara
Imagem: Encontro Diário


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