Eu tinha
necessidade de todos ao meu redor, eu dava respostas brutas, não sabia calar,
não acreditava no “dê tempo ao tempo”, precisava vomitar minha ira
imediatamente, era da teoria do bateu-levou.
Acumulei
decepções sendo assim, convivi com seres humanos incríveis, mas que tinham suas
falhas assim como eu e você, eu gritava com todos, calava só quando já era
tarde demais, eu não compreendia que esse comportamento me afundaria.
As experiências
que mais me marcaram quer boas ou ruins nunca esqueci e por isso não esquecerei
nunca meu comportamento irritadiço, que não apoiava o menor erros, sem beijos
ou elogios, sem encorajamento e com muitas pedras na mão.
Tornei-me cheia
de fobia, vivia em pânico, com raiva, sentindo-me rejeitada, discriminando Deus
e o Mundo, eu era debochada, tinha agressividade nas palavras, ofendia com
facilidade, humilhava por prazer, traía quem mais me amava, o meu defeito era
um tamanho complexo de inferioridade.
Não conseguia
entender a princípio, perdia a sobriedade, parecia duas pessoas completamente
diferentes, também era generosa, abraçava boas causas, amava as amigas de
infância. Ué será que eu era bipolar?
O processo é
complexo, a gente precisa se aceitar com todos os defeitos, até mesmo os mais
cinzas, precisamos viver sem a superioridade, precisamos aprender a viver
dignamente, chamando cada defeito pelo nome e combatendo-o, mas não é fácil.
Os traumas fazem
parte, você não é assim à toa, você se transformou nisso através dos atritos,
das relações ruins, do não esforço em ser melhor, é difícil encontrar alguém
que se sinta bem consigo mesma, alguém que não sofre de solidão, alguém rara e
com radicalismo de amor.
Resolvi me
acolher, apostar nas falhas, respeitar meus limites, exercer a nobreza de me
aceitar como sou, não como comodismo, mas como autoconhecimento.
Deixei de Cobrar
coisas de mim mesma que eu não poderia dar, comecei a ter manias de controle da
segurança da casa, mania de lavar as mãos, mania de ligar para minha mãe todos
os dias, manias insignificantes, mas que me perturbavam.
Tinha ideia fixa
em mudar, em controlar as emoções, em superar a irritabilidade, estava cheia de
segundas intenções em transformar atos ruins em atos bons, estava presa
emocionalmente a vontade de mudar e isso me enlouquecia.
Comecei a ter
medo de perder quem eu amava e passei a trata-los melhor com medo do remorso,
vivia com sentimento de culpa, eu me sentia responsável por tudo até pelas
crises financeiras na minha família, eu estava desequilibrada.
Atravesseis as
crises sem amparo, estava me achando certa, educando a minha mente e treinando
minha boa vontade adormecida, porém percebi que estava agindo totalmente errada
e os outros estavam tirando vantagem da minha mania de perfeição.
Fiquei
Insegurança, ansiosas e com medo de tudo, vivi desentendimentos ilógicos comigo
mesma, eu precisava me proteger e eliminar as preocupações débeis de que tenho
que ser 100%. Minha intolerância com meus defeitos era insana.
Passei a admirar
as flores, a observar o caminho, a não me perturbar com as quedas e sim com o
recomeço.
Arcise Câmara
Crédito de
Imagem: Daiblog
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