Sou a sua “Nega
Linda” apelido que só ela me chama, sempre nos comunicamos, somos vizinhas de
apartamento e almas que brilham quando se encontram. Minha mãe é meu tesouro
mais valioso, minha preciosidade, minha esperança em dias melhores.
Uma das coisas
que mais eu amo nela é justamente sua admiração pela sua mãe. Minha vó faleceu
quando eu tinha míseros 3 anos e como todo belo trauma, a única lembrança que
eu tenho da minha vó materna é o dia do seu enterro.
No entanto, mamãe
ao longo dessas quase quatro décadas fala quase diariamente do seu
relacionamento com minha vó, o quanto elas eram amigas, o quanto minha vó sabia
costurar, bordar, fazer quitutes. Conta os episódios de aprendizado entre minha
vó e minha irmã primogênita em que ao dois anos de idade aprendeu o alfabeto
ensinado por ela e assim ela soletrava os remédios que minha vó precisava tomar
e buscava esses remédios da penteadeira para a cama onde vovó estava dodói.
Conta com
tristeza o fato do meu irmão não poder tê-la conhecido, dos meses que passou em
Belém longe do papai porque em Belém o tratamento oncológico era mais avançado
que em Manaus.
Eu vejo a minha
vó na minha mãe, eu vejo o quanto a minha mãe tem a dedicação da minha vó pelos
filhos e netos, o quanto a minha mãe é preocupada igual minha vó, o quanto as
histórias da minha vó se repetem com as histórias da minha mãe. Minha vó ao
ficar doente pediu que se fosse uma doença incurável que ela não gostaria de
saber, pois o seu estado psicológico prejudicaria tudo, inclusive um tratamento
paliativo, minha mãe é da mesmíssima opinião, não quer saber de nenhuma doença
grave.
Minha vó pediu
ao meu avô que ele não arrumasse ninguém após a sua morte e adivinhem minha mãe
já fez esse pedido ao meu pai inúmeras vezes tendo nós filhos como testemunhas.
Ai ai ai, dá sempre muita risada e muito pano pra manga essa história, porque
ela se contradiz quando dia que quer morrer velhinha, junto com meu pai, de
mãos dadas, mas bem velhinha mesmo, passando dos 100.
Arcise Câmara
Crédito de
Imagem: Google
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