quinta-feira, 26 de junho de 2014

O verdadeiro ego


Costumamos eliminar o diferente, nos afastar do que nos incomoda, julgar o que nos desagrada, gerar conflitos para sermos aceitos como somos, mas não necessariamente aceitamos o outro como ele verdadeiramente é.
Inicia-se as guerras sem fim, os julgamentos, o modelo contrário de civilidade, não proponho aceitação cega, o que seria o mínimo necessário é acreditar que os outros também tem suas razões, quer por lições de vida ou vivências experimentadas, o amor próprio não divide o amor coletivo, os opostos não precisam se digladiar.
O coração disfarça, estremece, salta quase fora do peito, não há tempo para o jantar, eu janto às 18 horas e ele prefere cear. Muitas pessoas não dão importância às refeições feitas em família, eu dou! Aliás, dou importância a tantas coisas, inclusive as inúteis.
Por muito tempo me senti escravizada nesse relacionamento, por muito tempo achei que ele estragava tudo, então resolvi buscar para mim algo que me realizaria, mudei a mentalidade e principalmente o comportamento, instalei na minha vida outras motivações, raciocinei com o foco na minha felicidade.
Queria estar bem viva, sair da posição de vítima e oprimida, fazer a minha vida acontecer sem depender de qualquer apoio emocional externo, não que eu não precise de ninguém, ninguém, é uma ilha, mas colocar minha felicidade na mão dos outros é um jogo perigoso demais.
Cada peça vivida nessa relação teve sua importância, para mim foi encontrar-me comigo mesma, aceitar meus talentos, doar-me sem garantias de recompensas, preservar o respeito no casamento enquanto as coisas ainda davam certo, apesar das tormentas noites de discussões.
Como resultado uma mudança, senti-me mais leve, no entanto com grandes contradições no meu coração, era uma passagem da minha vida inexpressiva, vivia dividida e amargurada, precisava reconciliar-me primeiramente comigo.
Quantas vezes o sono deixou de vir, minhas energias se concentravam no relacionamento tenso, na quebra de confiança, na não aceitação do meu eu perante o outro e muito sofrimento se instalou, até que eu tive a tentação de voltar atrás, começar do zero, experimentar uma fase egoísta, centrada em mim.
Quando deixamos algo é sempre em vista de conseguir algo melhor, era esse meu lema do momento, precisava desse encontro comigo, encher minha mente com pensamentos positivos, abrir a boca para falar com respeito, deixar de lado o interesse do outro em ser feliz pisoteando na tua felicidade.
Não dizem que “Você é aquilo que pensa”, eu não pensava nada de agradável ao meu respeito, a sabedoria secreta dessa frase passava despercebida, ou pior, percebida de forma acategórica.
Fiquei mais instintiva, com o intuito de sobrevivência, com a complexidade do meu coração sangrando, cheias de ondas delta, agora focada em ser feliz.
- Arcise Câmara

- Crédito de Imagem: universonatural.wordpress.com

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