terça-feira, 3 de junho de 2014

Eu não queria


A gente confunde o amor e a razão, o compromisso com amor, a gratidão com amor, a gente vai confundindo tantas coisas, ficamos quites com tantas confusões, sim pois a confusão não é só minha.
Evitei o todo custo conviver com pessoas negativas, era uma exclusão mesmo, para quê que eu ira incluir alguém ao meu convívio que me deixa para baixo.
Com o tempo a gente cresce e amadurece, com o tempo a gente entende a compreensão que o amor exige, com o tempo aprendemos que o exemplo impressiona muito mais que as palavras, com o tempo não somos mais escravos da vontade alheia.
Sofri uma pressão interna para mudar tudo, aceitei as diferenças, tornei-me visivelmente mais paciente, tangivelmente mais altruísta, palpavelmente mais solidária, até a minha relação com meus vizinhos melhorou, antes nem sabia seus nomes, apenas oi de elevador.
Hasteei a bandeira do entendimento, da recíproca verdadeira e amparei a solidão em minha volta, prolonguei alegrias, saí do meu egoísmo e também do meu conforto de forma variada.
Atitudes boas às vezes nos escapam, temos intimidades para apontar os erros em qualquer lugar ou qualquer ocasião, sem medo e com bastante iniciativa. Somos lastimosos ou pouco realistas, aparentemente perfeitos.
Éramos diferentes, não tínhamos os mesmos interesses, esquecíamos rapidamente do que era importante para o outro, ressaltávamos as péssimas estruturas de convivência, estávamos essencialmente água e óleo. Nosso relacionamento se corrompeu em pouco tempo, tudo se transformou, até a nossa linguagem se modificou, ficou mais áspera.
Eu me segurei para não cair de vítima, para não trazer frequentemente à tona meus descontentamentos, ao invés disso aprimorei minha capacidade de diálogo, uma riqueza esquecida por muitos casais.
Retomei meu espaço, abastecei o coração com outros meios, ajudei a quem podia, atrasei as decisões, desejei ouvir o que ele tinha a me dizer, com a cabeça vazia, sem julgamento pré-estabelecidos. De repente, ele lisonjeou meu coração, disse que se realizava plenamente comigo, mesmo que não tivéssemos o encaixe perfeito.
Sempre foi assim, às vezes a gente só dar valor quando perde, só percebe o outro como ele é, quando sente saudade, quando somos mais ousados e criativos no tratamento com o outro, quando nossos desejos de ser plenamente feliz também consiste em fazer o outro feliz.
Eu estava com o coração cheio de impedimentos e receios, cheio de “se”, “e se”. Caminhando sozinha em busca de alguma identidade, existe tanta velocidade nas comunicações e tanto descaso no olho no olho, reduzi o estresse em alguns aspectos, já era um bom começo, apesar de não serem tão relevantes os aspectos que escolhi.
Não fiquei obcecada em consertar as coisas, acho até que eu nem queria conserto, só queria sair sem machucar o meu coração e o dele, sem impor minha vontade ou minha força, sem insistir na mesma tecla, eu queria realmente um amor que me preenchesse sem exceções e sem exclusões.
Só não queria perder a profundidade do sentir, do acreditar, da fé no amor, na importância das virtudes conquistadas, sem precisar remediar o tempo todo, sem aquela sensação de desproporção, onde um recebe mais que o outro.
- Arcise Câmara
- Crédito de Imagem: hipertrofia.org


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