A gente confunde o amor e a
razão, o compromisso com amor, a gratidão com amor, a gente vai confundindo
tantas coisas, ficamos quites com tantas confusões, sim pois a confusão não é
só minha.
Evitei o todo custo conviver com
pessoas negativas, era uma exclusão mesmo, para quê que eu ira incluir alguém
ao meu convívio que me deixa para baixo.
Com o tempo a gente cresce e
amadurece, com o tempo a gente entende a compreensão que o amor exige, com o
tempo aprendemos que o exemplo impressiona muito mais que as palavras, com o
tempo não somos mais escravos da vontade alheia.
Sofri uma pressão interna para
mudar tudo, aceitei as diferenças, tornei-me visivelmente mais paciente,
tangivelmente mais altruísta, palpavelmente mais solidária, até a minha relação
com meus vizinhos melhorou, antes nem sabia seus nomes, apenas oi de elevador.
Hasteei a bandeira do
entendimento, da recíproca verdadeira e amparei a solidão em minha volta,
prolonguei alegrias, saí do meu egoísmo e também do meu conforto de forma
variada.
Atitudes boas às vezes nos
escapam, temos intimidades para apontar os erros em qualquer lugar ou qualquer
ocasião, sem medo e com bastante iniciativa. Somos lastimosos ou pouco
realistas, aparentemente perfeitos.
Éramos diferentes, não tínhamos
os mesmos interesses, esquecíamos rapidamente do que era importante para o
outro, ressaltávamos as péssimas estruturas de convivência, estávamos
essencialmente água e óleo. Nosso relacionamento se corrompeu em pouco tempo,
tudo se transformou, até a nossa linguagem se modificou, ficou mais áspera.
Eu me segurei para não cair de
vítima, para não trazer frequentemente à tona meus descontentamentos, ao invés
disso aprimorei minha capacidade de diálogo, uma riqueza esquecida por muitos
casais.
Retomei meu espaço, abastecei o
coração com outros meios, ajudei a quem podia, atrasei as decisões, desejei
ouvir o que ele tinha a me dizer, com a cabeça vazia, sem julgamento
pré-estabelecidos. De repente, ele lisonjeou meu coração, disse que se
realizava plenamente comigo, mesmo que não tivéssemos o encaixe perfeito.
Sempre foi assim, às vezes a
gente só dar valor quando perde, só percebe o outro como ele é, quando sente
saudade, quando somos mais ousados e criativos no tratamento com o outro,
quando nossos desejos de ser plenamente feliz também consiste em fazer o outro
feliz.
Eu estava com o coração cheio de
impedimentos e receios, cheio de “se”, “e se”. Caminhando sozinha em busca de
alguma identidade, existe tanta velocidade nas comunicações e tanto descaso no
olho no olho, reduzi o estresse em alguns aspectos, já era um bom começo,
apesar de não serem tão relevantes os aspectos que escolhi.
Não fiquei obcecada em consertar
as coisas, acho até que eu nem queria conserto, só queria sair sem machucar o
meu coração e o dele, sem impor minha vontade ou minha força, sem insistir na
mesma tecla, eu queria realmente um amor que me preenchesse sem exceções e sem
exclusões.
Só não queria perder a
profundidade do sentir, do acreditar, da fé no amor, na importância das
virtudes conquistadas, sem precisar remediar o tempo todo, sem aquela sensação
de desproporção, onde um recebe mais que o outro.
- Arcise Câmara
- Crédito de Imagem: hipertrofia.org
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