quarta-feira, 28 de maio de 2014


Estou tentando me adequar as minhas necessidades, aceitar-me como sou, aceitá-lo como ele é, incluir-me como parte da minha nova família, disciplinar-me para ser uma boa esposa, uma boa mãe, uma boa amiga, uma boa filha, boa em tudo, mas sem cobranças a mim mesma.
Cansei das pessoas me dizendo como ser, todos do mesmo modo, homens com bundas nos sofás e mulheres esquentando comida no fogão. Não gosto disso, é algo difícil de dizer, mas não sou empregada de ninguém, nem gosto de tarefas domésticas, nem acho que devo gostar.
Não esqueço dele olhando para mim com um ar magoado, com uma decepção impressionante, o problema se resolvera totalmente com a contratação de uma empregada doméstica, assim eu não precisava me incomodar com toalhas molhadas em cima da cama, com cuecas no chão do banheiro e sapatos pela sala.
Várias coisas representavam uma ameaça, a forma como nos comunicávamos em meio a brigas, os massacres com palavras, a impunidade das traições. Eu me acanhava, mas tinha que decidir entre ir embora para sempre ou fingir que não sabia, resolvi fingir que não sabia e fiz isso com sucesso.
Minha vida está repleta de coisas bizarras e verdadeiras, talvez um estudo antropológico revele que não sou a única, atitudes meio indefinidas moralmente, aceitei vários papéis que talvez você não vá acreditar.
Porém, milagrosamente uma nova confiança surgiu dentro de mim, comecei a me comportar de forma majestosa, como se fosse da família Orleans, resolvi deixar de ser um pouco doida varrida e exigir dos meus relacionamentos no mínimo homens “filé mignon”, ou seja, homens de primeira.
Meu coração é incorrigível sob a desculpa de manter-me feliz, já fiz coisas hilárias como buscar atenção de namorado cretino, já fui gênio de sandices amorosas, possuía um talento natural de ser rejeitada cada vez que me humilhava.
Ri, chorei e comemorei cada vitória ou derrota, afoguei-me em lágrimas, botei um ponto final,  recebi preciosos palpites de pessoas que me amam de verdade e agradeço o impagável carinho que obtenho dessas pessoas.
Puxaram minha orelha quando necessário, deram pitacos nos momentos certos, conselhos arrojados e justos, resolvi refazer a minha história, transformei o ponto final em ponto seguido, mas ele teria que se adequar.
- Arcise Câmara
- Crédito de Imagem: relacoes.umcomo.com.br


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