domingo, 25 de maio de 2014

A solução


Voltar é o que não podemos, retornar o meu relacionamento com você está fora de cogitação, não sou a mesma, nem você, não o conheço e nem pretendo, você não me encanta mais e não deveríamos ficar comentando sobre o que passou.
Não tenho mais um coração de esposa, nem sou dedicada e fiel a você. Nosso destino não é o mesmo e nossos caminhos são opostos, até a nossa alimentação mudou, no meu caso foi questão de sobrevivência mesmo.
Eu sempre fui de histórias verdadeiras, eu lamento não ter vivido uma história real com você, mas o tempo não volta querido, um homem duro pode amolecer, uma discussão pode acalmar, aí é que entra e teoria das incompatibilidades, conta a lenda que quando não há esforço não há compatibilidade.
Eu jurava que podíamos dar certo, mas não demos, eu amava rir com você, acreditava em você piamente sob o céu escurecido ou sob a forte chuva, eu aprendi valores arrecadados da sua família quando te encontrei, não faz mal, foi tudo aprendizado pra mim e pra você.
Esta manhã eu pensei nas possibilidades que desperdicei ficando dez anos com você, não acho que perdi tempo, só acho que levei tempo demais para enxergar que não éramos úteis um para o outro.
Vamos deixar de falação, ah se resolvesse. Nada resolve para quem não está disposto a escutar, nem frases bonitas, nem poesias de incitamento a amores românticos, nem promessas de que as coisas vão melhorar.
Remamos em sentido oposto, eu a favor da correnteza e você, contra. Encostei no porto, vi sua pouca resistência, você se esforçou muito, mas o que adiantava tanto esforço se a cada remada você se afastava mais e mais de mim.
Eu o admirava até certo ponto. Você era corajoso para percorrer a casa quando eu ouvia um barulho de ladrão e grandalhão para me envolver em seus braços e me fazer sentir protegida. Você tinha um lado malvado que eu omiti para todos em volta, era astucioso para inverter as coisas me fazendo sentir culpada quando a culpa era sua e de um sangue-frio que choca quando o problema não era seu.
Eu fui uma sobrevivente. Deus me livre passar por isso outra vez. Seria barbaridade em dose dupla. Eu não conseguiria caminhar em paz, fechar as feridas novamente, elas iam ficar abertas para sempre. Por isso não dar.
- Arcise Câmara
- Crédito de Imagem: midiaboom.com.br


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