Achamos que não, mas atraímos tudo
aquilo que internalizamos consciente ou inconsciente, aquela vontade de ficar
só, de se livrar de alguém é produto e subproduto de nossas crenças.
Recebemos as consequências de nossos
atos, às vezes a vida nos dá chances, outras vezes ela é bem “vingativa” e nós
não aceitamos a dura realidade que apenas estamos colhendo o que plantamos.
Quando temos paz e estamos lúcidos e
conscientes de nossos atos somos serenos, firmes e equilibrados, quando estamos
em guerras internas somos turrões, teimosos, negativos e até mentirosos.
Não tomamos consciência de que
precisamos aceitar como somos, não estou falando de rendição conformada, estou
falando de se autoconhecer para melhorar, quem não se conhece não sai do lugar.
Temos laços consanguíneos que nos
unem ao pai, a mãe, aos irmãos. Geralmente não nos parecemos com eles, temos a
nossa individualidade que cabe a cada membro da família respeitá-la. Não me
venha com imposições machistas ou religiosas ou feministas ou neuróticas ou a
mistura de duas ou mais.
Nada de simbiose doentia, ada de
achar que a sua família não tem defeitos ou que é a família perfeita, nada de
se sacrificar por alguém exigindo dedicação exclusiva e bem-estar familiar.
Somos de afeições sinceras, não
importa se com família, amigos, marido, namorados, companheiro, não importa se
ser chique é viver uma família margarina ou uma família exibicionistas de redes
sociais, não importa a perfeição da beleza física e os muitos recursos financeiros
guardados em cofres bancários.
Muita exibição e muito aplauso sistemático
no agir para ser visto, ovacionado, querido, amado, curtido. Cada dia crio
novas situações para evidenciar o quanto sou linda, charmosa, talentosa,
marombeira, o quanto é lucrativo meus negócios.
Sinto que o aqui e o agora a crista
da onda é agradar os amigos virtuais, é tentar se sentir querido, é não deixar
se ressentir com negativas emoções, é interpretar o sentir, o pensar, o agir, abafando
emoções reais e reagindo de forma mais exacerbadas, sem apatias, com ausência
de reações negativas. Sou perfeita o tempo todo, no lugar da tristeza a alegria,
no lugar da raiva o medo. Emoções básicas disfarçadas em redes sociais.
As emoções não são nossas mas dos
outros, sentir-se de tal maneira é feio, luxúria ou perversão, a sexualidade
com mais liberdade é interpretada como perversidades mal resolvidas. Somos a projeção
do que o outro espera de nós.
Não buscamos a si mesmo, não nos
conhecemos a fundo, muito pelo contrário, os outros nos servem de espelhos,
eles são nossos parâmetros mesmo que questionáveis a gente não se dar ao luxo
de pensar e agir diferente, são as convenções do tempo moderno. Quer um exemplo
simples, quem não adere as redes sociais é considerado quase um alienígena, ou
que deseja casar virgem sofre o preconceito de arcaica.
Ne sempre conseguimos mascarar nossas
verdadeiras intenções, aos poucos a gente se descobre chata, reclamona,
infeliz, aos poucos pessoas próximas a nós enchem o saco, nós achamos que tudo
ia ser fácil e lindo, mas mesmo amando alguém não sobrepomos nosso eu, nosso
mau-humor, nossos estresses.
Não dá para enganar as pessoas por
tempo indeterminado, quem dizia sim para tudo chega o momento de dizer não,
quem sorria o tempo todo chega o momento de chorar, a gente troca de
sentimentos assim como trocamos de roupa, ninguém é 100% o tempo todo, mesmo
que sejamos doces, afáveis, há momentos em que somos rudes e desrespeitosos.
É na nossa casa que somos nós mesmos,
quando estamos de passagem ou somos visitas usamos maquiagens impecáveis, bb
cream L’Oréal, joias reluzentes, perfumes dolce cabana, roupas da moda com
estampas de abacaxi, óculos charmosos e gigantes.
De tanto fazer o que os outros
esperam de nós, um dia perdemos a consciência de quem somos, se o que fazemos é
convenção ou imposição da sociedade ou porque aprendemos a ser dependentes de
regras “universais” desde cedo.
- Arcise Câmara
- Crédito de Imagem: http://bymorfeu2013.blogspot.com
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