terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Convictos de que têm que ser perfeitos para ser amados


Existem muitas crenças cegas de que precisamos cuidar e proteger quem amamos, mas na verdade sufocamos e manipulamos sob a desculpa de preocupação criando um convívio insuportável e desgastante, que vão desde 37 ligações para um celular que tem bina a esperar retorno e atitudes submissas por parte do amado.
Ninguém nos ensina a administrar nossas carências afetivas, ninguém nos orienta sobre o que é de fato amor e afeto, às vezes sentimos apego e confundimos com amor, zelo e confundimos com amor, gratidão e confundimos com amor.
Justificar atitudes “perfeitas” de bem-estar e cobrar posição recíproca do parceiro é um erro constante, que te faz sorrir, afinal você assume total responsabilidade sobre tudo, os sentimentos e emoções ficam bem controlados, tudo é questão de prêmio ou castigo, acusações são necessárias quando as desculpas não são justificadas ou quando o comportamento alheio causa desastres.
Somos vítimas da fatalidade, prejudicada pelo péssimo hábito de tentar controlar o destino, ninguém merece isto, a vida sempre parece injusta, as pessoas a minha volta são mais felizes, sempre se comportam de forma que me desagrada, o comportamento é dos outros, mas me atinge.
Sou maltratada por quem amo, sou vítimas do destino, tenho responsabilidade por meus atos e atitudes, porém não aceito a realidade das coisas não serem como planejei, fico profundamente fora de mim quando o que eu projeto no outro não se cumpre.
Procuro fazer tudo certinho, evito situações vexatórias, não sou insegura nem fraca, amo e me entrego incondicionalmente, mas sempre há a impressão de que eu poderia ter sido melhor. Meus conceitos não são relativos, tenho uma forte percepção intuitiva, uma visão ampla de como as coisas tem que ser.
Sou preocupada em manter tudo em ordem: saúde, felicidade, amor, consideração, respeito, equilíbrio, emocional em ordem, previdência paga em dia. Sou precavida para realizar planos e quero fazer planos com minha família, quero influenciar, corrigir, indicar, induzir, experimentar, aceitar como indivíduos de personalidade próprias me faz sair do controle da situação, deixar que eles vivam conforme lhes convier não é aceitável para mim.
Sou intransigente e rigorosa, imponho pontos de vista, ensino a minha maneira, prego os meus conceitos, manipulo inconscientemente, não respeito a individualidade, critico posturas e uso a máxima “você ainda me mata do coração” com cara de injustiçada e perseguida.
Gostaria de me libertar dessa prisão mental, ensaiar erros, não guardar culpas, reconhecer deslizes e viver sem olhar para trás.
Deixar que meus familiares vivam de acordo com suas instruções, conquistem títulos desejados, não se achem melhores que os outros e se comportem dentro do que se espera.
Reações de irritabilidade são constantes, sou exclusivamente egoísta, porém no total eu tenho o seu consentimento, eu me meto tanto no aspecto físico quanto na sua forma de vestir, de sorrir, de falar, de olhar ou se expressar. Não controlo a ansiedade e a vontade de receber frutos instantâneos.
Não respeito as possibilidades e limitações do outro, tenho uma mentalidade bloqueada e restringida que recusa estar errada, uso do meu conhecimento para progredir, mas me cerco de gente que não pensa por si mesmos, que amam normas e regras.
A vida é espinhosa, afinal não aceito plenamente a diversidade humana, não faço silêncio nem tenho paciência. As únicas coisas que podem e devem ser alteradas são nossa atitudes, devemos evoluir como pessoas, evitar reações ultrajantes, porém e se eu mudar e perder o controle?
Angariei muita experiência  em ter patinhos seguidores, sou contra autojulgamento, se as coisas estão do meu jeito porque estas criaturas vão mudar.
Tenho constantes insights de que meus sentimentos são desconexos, opressores, infelizes, que um dia todo mundo se cansa, que minhas ações são contraditórias e que preciso de transformações íntimas e surpreendentes, afinal, obedecer não é negar a própria vontade e camuflar os sentimento, nem sempre o que é protótipo de felicidade para alguém é a sua felicidade em si.
- Arcise Câmara

- Crédito de Imagem: tribunadoceara.uol.com.br 

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