Existem muitas crenças cegas de que
precisamos cuidar e proteger quem amamos, mas na verdade sufocamos e manipulamos
sob a desculpa de preocupação criando um convívio insuportável e desgastante,
que vão desde 37 ligações para um celular que tem bina a esperar retorno e atitudes
submissas por parte do amado.
Ninguém nos ensina a administrar
nossas carências afetivas, ninguém nos orienta sobre o que é de fato amor e
afeto, às vezes sentimos apego e confundimos com amor, zelo e confundimos com
amor, gratidão e confundimos com amor.
Justificar atitudes “perfeitas” de
bem-estar e cobrar posição recíproca do parceiro é um erro constante, que te
faz sorrir, afinal você assume total responsabilidade sobre tudo, os sentimentos
e emoções ficam bem controlados, tudo é questão de prêmio ou castigo, acusações
são necessárias quando as desculpas não são justificadas ou quando o
comportamento alheio causa desastres.
Somos vítimas da fatalidade, prejudicada
pelo péssimo hábito de tentar controlar o destino, ninguém merece isto, a vida sempre
parece injusta, as pessoas a minha volta são mais felizes, sempre se comportam
de forma que me desagrada, o comportamento é dos outros, mas me atinge.
Sou maltratada por quem amo, sou vítimas
do destino, tenho responsabilidade por meus atos e atitudes, porém não aceito a
realidade das coisas não serem como planejei, fico profundamente fora de mim
quando o que eu projeto no outro não se cumpre.
Procuro fazer tudo certinho, evito situações
vexatórias, não sou insegura nem fraca, amo e me entrego incondicionalmente,
mas sempre há a impressão de que eu poderia ter sido melhor. Meus conceitos não
são relativos, tenho uma forte percepção intuitiva, uma visão ampla de como as
coisas tem que ser.
Sou preocupada em manter tudo em
ordem: saúde, felicidade, amor, consideração, respeito, equilíbrio, emocional
em ordem, previdência paga em dia. Sou precavida para realizar planos e quero
fazer planos com minha família, quero influenciar, corrigir, indicar, induzir,
experimentar, aceitar como indivíduos de personalidade próprias me faz sair do
controle da situação, deixar que eles vivam conforme lhes convier não é
aceitável para mim.
Sou intransigente e rigorosa, imponho
pontos de vista, ensino a minha maneira, prego os meus conceitos, manipulo
inconscientemente, não respeito a individualidade, critico posturas e uso a
máxima “você ainda me mata do coração” com cara de injustiçada e perseguida.
Gostaria de me libertar dessa prisão
mental, ensaiar erros, não guardar culpas, reconhecer deslizes e viver sem olhar
para trás.
Deixar que meus familiares vivam de
acordo com suas instruções, conquistem títulos desejados, não se achem melhores
que os outros e se comportem dentro do que se espera.
Reações de irritabilidade são
constantes, sou exclusivamente egoísta, porém no total eu tenho o seu consentimento,
eu me meto tanto no aspecto físico quanto na sua forma de vestir, de sorrir, de
falar, de olhar ou se expressar. Não controlo a ansiedade e a vontade de
receber frutos instantâneos.
Não respeito as possibilidades e
limitações do outro, tenho uma mentalidade bloqueada e restringida que recusa
estar errada, uso do meu conhecimento para progredir, mas me cerco de gente que
não pensa por si mesmos, que amam normas e regras.
A vida é espinhosa, afinal não aceito
plenamente a diversidade humana, não faço silêncio nem tenho paciência. As
únicas coisas que podem e devem ser alteradas são nossa atitudes, devemos
evoluir como pessoas, evitar reações ultrajantes, porém e se eu mudar e perder
o controle?
Angariei muita experiência em ter patinhos seguidores, sou contra autojulgamento,
se as coisas estão do meu jeito porque estas criaturas vão mudar.
Tenho constantes insights de que meus
sentimentos são desconexos, opressores, infelizes, que um dia todo mundo se
cansa, que minhas ações são contraditórias e que preciso de transformações
íntimas e surpreendentes, afinal, obedecer não é negar a própria vontade e camuflar
os sentimento, nem sempre o que é protótipo de felicidade para alguém é a sua
felicidade em si.
- Arcise Câmara
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